Redação FMZ
A manifestação de familiares dos policiais militares continua, mesmo após a justiça determinar a ilegalidade do movimento. Na manhã desta segunda-feira (6), parentes de policiais militares estavam em frente ao batalhão de Venda Nova do Imigrante, com cartazes em que mostram sua indignação. Segundo eles, o movimento vai continuar, pois não se trata de uma greve da Polícia Militar e sim de manifestações dos familiares.
Entre os motivos da manifestação estão as péssimas condições de trabalho, com frota sucateada e falta de coletes para os militares; salários estão defasados, sem aumento há sete anos; e eles exigem ainda o pagamento de auxílio-alimentação, plano de saúde, adicional noturno, periculosidade e insalubridade.
O protesto é feito pelos familiares, pois, de acordo com o Código Penal Militar, os policiais militares são proibidos de protestar, fazer greve ou paralisação. A pena para quem participar de atos desse tipo pode chegar a dois anos de prisão.
Além de Venda Nova do Imigrante, a manifestação, que começou no último sábado, também ocorreu em outros municípios da região serrana e do Caparaó, como Conceição do Castelo, Domingos Martins e Iúna.
Ilegalidade
Na manhã desta segunda-feira (6), durante entrevista coletiva concedida em Vitória, o secretário estadual de Segurança, André Garcia, afirmou que a Justiça declarou o movimento ilegal. A decisão é uma resposta à ação judicial e pedido de tutela antecipada, protocolados pelo Estado no último sábado (4).
A ação foi protocolada contra a Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, a Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia e Bombeiro Militar do Espírito Santo, Associação dos Bombeiros Militares do Espírito Santo, Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo e a Associação dos Militares da reserva, reformados, da ativa da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e Pensionistas de Militares do Estado do Espírito Santo.
Em sua decisão, o desembargador plantonista Robson Luiz Albanez deferiu o pedido do Estado, determinando que as entidades citadas e seus associados “não realizem qualquer movimento paredista ou grevista dos serviços prestados na área de segurança pública deste Estado, quer seja aquartelamento ou 'greve branca', devendo ainda abster-se de paralisar os serviços prestados no seio da caserna, quanto aos manifestantes que estão realizando o piquete, para que desobstruam os acessos das unidades da PMES e CBMES de maneira a manter o regular funcionamento da segurança pública”.
O desembargador determina ainda multa diária de R$ 100 mil reais caso, para as entidades, caso a ordem judicial seja descumprida.
Negociações e Força Nacional
Na noite do último domingo (5), o secretário estadual de Segurança, André Garcia, informou, em vídeo publicado no Facebook, que não haverá mais negociações enquanto os policiais militares não voltarem para as ruas. Segundo Garcia, o governo sempre busca negociar, mas é preciso que haja respeito mútuo.
O secretário disse ainda que conversou com o ministros da Justiça, Jackson Barreto, e da Defesa, Raul Jungmann, que se colocaram à disposição para envio de tropas da Força Nacional de Segurança ao Estado.
E na manhã desta segunda-feira (6), o governador em exercício, César Colnago, conversou com o presidente, Michel Temer, para finalizar a negociação sobre o envio das tropas. O secretário garantiu que o reforço virá mesmo que a PM volte às ruas.