Maturidade jovem

Armadilhas do período jovem. Início da carreira profissional, formação acadêmica, influência da internet, dos pais e dos colegas. O que fazer para não perder tempo com inutilidades, buscando a aceleração do processo de amadurecimento pessoal? Tentativas, riscos e independência financeira – Maturidade Jovem.

Em conexão com Giovane Nodari Zandonadi. Escriturário do Banco do Brasil, 25 anos de idade, formado em Administração de Empresas, cursando MBA em Gestão Empresarial. Aos 18 anos iniciou o seu próprio negócio abrindo uma empresa.

Giovane Nodari Zandonadi: No início da minha carreira profissional, a dificuldade que encontrei foi a falta de conhecimento. Trabalhava em uma empresa de informática, com orientação e ajuda do meu ex-patrão abri minha empresa em sociedade com um colega um pouco mais velho que eu. Isso ajudou bastante porque ele tinha mais conhecimento.

Idade. Quando comecei, pela questão da idade foi um pouco difícil obter a confiança das pessoas. Tendo conhecimento do trabalho que estamos fazendo, acabamos desmistificando a questão de sermos mais novos. No Banco, por exemplo, trabalho com pessoas mais velhas que eu. Se temos conhecimento e conseguimos resolver o problema da pessoa, automaticamente ela passa a nos achar aptos e a questão da idade se torna menos importante.

Apoio e afetividade. Meus pais me deram apoio, me deram força para trabalhar e estudar. O namoro também foi muito importante porque durante um determinado

tempo parei com os estudos e foi com o incentivo da minha namorada que continuei estudando.

Objetivos e vontade. Tem que ter um objetivo e munir-se de todas as vantagens, tudo que for importante deve ser procurado – como faço para atingir meu objetivo… força de vontade e procurar fazer o melhor.

Responsabilidade. Estando em uma cidade de pequeno porte, o risco de se envolver com drogas ou com esse tipo de situação, é bem menor. A questão dos pais sempre monitorando, querendo saber o que você está fazendo, com quem você está andando, escolher bem as companhias, isso ajuda bastante. Cria em você responsabilidade. É tanto responsabilidade como respeito aos pais também.

Independência Financeira. Já tinha ganhado um computador do meu pai e com as minhas economias consegui comprar outros equipamentos. Depois disto, precisei fazer um investimento maior, que foi a aquisição de um maquinário para adesivo. Poderia ter recorrido aos meus pais. Optei por fazer um financiamento. Porém analisei se essa máquina poderia ser paga ou, caso desse errado, se eu poderia vender e pagar o financiamento com um pouco de segurança. Consegui “correratrás” do financiamento e adquirir a máquina para fazer estes novos produtos e expandir a empresa.

Correr riscos. Considero que arrisquei pouco, poderia ter arriscado muito mais. Com a mesma segurança poderia ter adquirido um outro tipo de maquinário que me daria um retorno maior. Fiz estudos para saber se valeria a pena ou não adquirir estas máquinas, mas como o investimento era muito maior e não tinha como garantir se desse alguma coisa errada, fiquei “com um pé atrás”. Agora vejo que eu tinha capacidade.

Estudos e trabalho. O primeiro passo é se dedicar aos estudos. A questão do conhecimento, considero ser o mais importante em qualquer carreira. Começar a trabalhar cedo também é um fator interessante. Eu comecei aos quinze anos, não sei se foi cedo o suficiente, mas foi através deste trabalho, e do relacionamento que eu tive com os meus patrões, que consegui reunir forças para abrir uma empresa aos dezoito anos de idade.

Projetos. A pessoa tem que ter um projeto: – eu quero ter o quê? quero estar ganhando quanto daqui a um determinado tempo? Depois de analisado o que ela realmente está querendo, procurar saber que se tem que estudar para conseguir isso, então vai estudar. Parar para pensar e saber o que você quer, é fundamental. Em seguida, tentar achar os meios para conseguir chegar lá, deixar de se acomodar. – Eu tenho que estudar? Fazer um sacrifício? A faculdade que eu tenho que fazer não tem aqui, só lá em Cachoeiro de Itapemirim? Eu vou ter que chegar em casa meia-noite e acordar 7h. para trabalhar? É um sacrifício sim, mas a recompensa que você tem pela frente é muito maior. Além disto, faz amizades e aumenta seu círculo de relacionamento, o que é muito importante. Conheci pessoas de outros ramos de empresas, área de mármore principalmente, o que me deu uma visão muito boa de mercado que, atualmente no Banco, me ajuda muito.

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Em Conexão com Juliana Camargo Rodrigues. Psicóloga. Analista

de Sistemas. Tem 25 anos de idade. Reside em São Paulo e realiza trabalho

voluntário desde os 16 anos de idade e pesquisa a evolução

da consciência.

Juliana Camargo Rodrigues: Procurei adotar uma postura de compreensão a respeito dos outros. Compreender a situação que estou vivendo, não pedir mais para mim ou exigir que as pessoas estejam vendo o meu ponto de vista. Aquela coisa “ninguém me entende”, que acontece muito na adolescência. Optei por sair desta postura e ajudar dentro de casa olhando o lado dos meus pais ou dos mais próximos. Na escola era a mesma coisa. Procurava manter uma postura de ajudar na aula, não ficar com uma postura em relação ao professor de que – ele não sabe o que está dizendo, a aula dele é monótona – procurava fazer perguntas até para tornar a aula mais interessante. A postura de compreensão dá um retorno para nós muito grande na forma como nos sentimos perante a vida e perante as outras pessoas, porque elas começam a reconhecer isto e a contar conosco. Dá uma sensação de integração mais forte dentro do meio que você está inserido, seja na escola, na família, no clube, etc.

Interação. Se “carregar muito na tinta” da

seriedade, da maturidade, a gente começa a ser excluído, a se

sentir excluído e a se excluir também. Tem que procurar

contrabalancear, ter jovialidade, alegria e humor, para não se

isolar e continuar tendo o retorno das outras pessoas da mesma idade. Interagir normalmente, sem ficar quase como um autista social, preso naquela maturidade toda, mas sem conseguir aplicar. Para que tanta maturidade se é para ficar no canto, preso ou ficar julgando as pessoas?

Contestação. O jovem precisa de um determinado momento de contestação, e até rebeldia. Não que

ele tenha que ser um rebelde, mas ele passa por um momento de criação da própria identidade e aí, há uma certa ruptura. Não

necessariamente esta ruptura precisa ser feita através da rebeldia em relação aos pais, ou da não aceitação do que os pais estão procurando colocar. É o momento em que você

tem suas próprias opiniões, o que não significa que tem que “bater de frente” com os que não concordam, pelo contrário,

a maturidade está implícita nesse processo de você ter uma

determinada postura e conseguir conviver com opiniões diferentes.

“Mata-burros”. O que contribui para que os jovens percam tempo com bobagens e é até reforçado pela própria sociedade, é o consumismo. Temos uma sociedade consumista. O jovens buscam valores externos à realidade deles que não preenchem o sentimento dele de “ter que ser diferente”. Os maiores mata-burros são essas armadilhas de procurar sempre uma coisa externa, principalmente relacionada ao consumo, ao material e de nunca estar preenchido. Este mecanismo é o mesmo que leva a qualquer tipo de vício. O vício nada mais é do que a necessidade de uma fuga e um preenchimento interior. Se a pessoa tem a necessidade de ficar preenchendo com bobagens ou com coisas que realmente

não resolvem o problema dela, isso se transforma em uma grande armadilha.

Começa com uma bobeira: você quer um celular, internet, internet a rádio e amanhã vai ser outra coisa, depois outra. Prejudica muito porque fica buscando algo que não vai dar o crescimento e a evolução pessoal.

Vícios e internet. Existem alguns princípios básicos para qualquer tipo de vício. Alguns pontos simples que vão evidenciar bastante isto dentro de casa, por exemplo, quando começamos a entrar em conflito com outras pessoas da casa porque precisamos acessar a Internet num determinado momento e ou os irmãos ou os pais estão usando o computador para outra coisa, mas você precisa naquela hora, e fica angustiada, ansiosa se não puder usar. Quando se torna uma coisa essencial para mim, já posso começar a desconfiar. Ou se começo a limitar as minhas relações com os amigos pela internet. É muito mais saudável interagir pessoalmente de alguma forma, com alguma atividade, do que procurar a internet para preencher essa solidão de estar em casa sozinha ou a angústia de querer acessar a internet. Conheço muitos jovens que atravessam essa dificuldade em Venda Nova do Imigrante mesmo. Eles falam que fazem muita coisa pela Internet. Quando você é adolescente eventualmente fica sem mobilidade porque os pais não deixam sair de casa em determinados horários, então eles vão acessar a internet. Penso que isto está se tornando cada vez mais comum. O Brasil é um país onde a informática está se desenvolvendo muito rapidamente e isto está sendo reconhecido internacionalmente. Cada vez mais os computadores estão entrando nas nossas casas e eles não dispomos. Se não fosse a internet poderia ser outra coisa, uma droga ou coisa assim. É o caso de estar observando o comportamento dos filhos dentro de casa e os próprios adolescentes estarem se olhando também. O adolescente que passa a tarde assistindo televisão, não é muito diferente daquele que passa a tarde inteira acessando a internet, ele está se preenchendo com algo que é vazio.

Falar. Quando se reconhecer em alguma situação de vício, a saída é o quanto antes. Procurar ajuda, falar com os pais ou alguém mais chegado. Não ter o preconceito de falar com alguém que não seja os amigos, sobre os próprios problemas, procurar romper essa barreira da dificuldade de conversar. Pode ser muito útil fazer algum tipo de trabalho que vá ocupar o tempo e dar uma ferramenta maior, alguma capacitação fora a escola.

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