Moradores se preocupam com aparecimento de barbeiros em Venda Nova; saiba como proceder

O aparecimento de barbeiros no entorno e em algumas residências em Venda Nova do Imigrante preocupa os moradores, em especial, aqueles que têm casas próximas a matas e plantações.  Segundo uma residente do bairro Tapera, sete besouros foram achados em menos de um mês nos arredores de sua casa. Após capturar dois deles com vida – é preciso que o barbeiro esteja vivo para que o exame que verifica a contaminação pelo Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas, seja feito – os animais foram levados para a Vigilância em Saúde de Venda Nova. A moradora informou que o exame deu negativo para o protozoário nas duas amostras.

 

Um outro barbeiro foi capturado, no mesmo período, em Alto Bananeiras. O besouro estava infectado pelo protozoário. E vários outros moradores da cidade relatam a presença do besouro perto das residências. "Eu achei um na varanda de casa. Agora fico alerta, tô sempre de olho. Será que vamos ter um surto de barbeiros também?", questiona, em um comentário, uma moradora da cidade.

 

Barbeiros devem ser levados vivos para Vigilância Sanitária analisar

 

Por mais que a presença do inseto próximo às casas assuste os residentes, o risco de contaminação é extremamente baixo, segundo o a coordenadora da Vigilância em Saúde da Prefeitura de Venda Nova do Imigrante, Camila Mauro Zandonadi.  

 

“O barbeiro mais comum encontrado na região é o Triatoma citticeps.  E essa espécie é conhecida por ser um ‘péssimo transmissor’ do protozoário que causa a Doença de Chagas”, ressalta Camila.

 

Na prática, a contaminação dos humanos pelo Trypanosoma cruzi não se dá pela picada do barbeiro, efetivamente, mas por meio das fezes do inseto. Os barbeiros que são mais perigosos defecam próximo ao local onde picam e, ao coçar a área, a pessoa acaba jogando essas fezes e os protozoários que estão nelas para a corrente sanguínea. O barbeiro encontrado na Região Serrana, no entanto, não tem o hábito de defecar próximo ao local onde picou, o que dificulta a contaminação.

 

Barbeiros infectados

 

A constatação se reafirma por meio das estatísticas. Em Venda Nova do Imigrante há apenas dois casos de Doença de  Chagas, ambos crônicos, ou seja, a contaminação ocorreu décadas atrás. Nos últimos anos, não há qualquer indício de infecção no município.  Isso, no entanto, não deve fazer com que os residentes baixem a guarda. Ao encontrar um inseto, o morador deve encaminhá-lo para a Vigilância Sanitária, a fim de que sejam feitos os exames e verificada a necessidade de visitação à residência ou sorologia a fim de verificar se alguém está contaminado.

 

“Após a análise do barbeiro, verificamos se ele está ou não infectado pelo protozoário. Se positivo, fazemos uma visita ao local onde ele foi encontrado para ver se há infestação, ou seja, se há o inseto dentro da casa ou não. Se verificarmos que há uma colônia na residência, aí sim  optamos pela dedetização do local. É mais preocupante quando a amostra é de uma fêmea encontrada dentro de uma residência, pois há a possibilidade de ela ter posto ovos, o que pode significar a colonização. Há todo um protocolo da Secretaria de Estado da Saúde que devemos seguir, a fim de evitar qualquer tipo de contaminação da população”, explica o supervisor de endemias da Prefeitura de Venda Nova do Imigrante, José Francisco Vargas Vicente.

 

Se há colônia de barbeiro dentro da residência, local precisa ser dedetizado

 

Vizinhos indesejados

 

O barbeiro é comum em todo o Espírito Santo e na Região Serrana. Em 2017, por exemplo, chegaram à Vigilância Sanitária de Venda Nova 72 animais, sendo que 59 deles estavam infectados. Um exemplo extremos ocorreu em dezembro do ano passado: um morador da Viçozinha encontrou 32 insetos adultos em sua residência. Feita a análise, todos tinham o protozoário que causa a Doença de Chagas. O motivo da infestação é curiosa: a morte de um gambá.

 

O animal – que normalmente vive em “harmonia” com os barbeiros  –  dormia em cima de um forro da área externa da casa. Depois que ele foi morto, os barbeiros, que se alimentavam do sangue do gambá, buscaram uma outra forma de alimentação. Saíram do ninho e foram encontrados pela casa, em busca da sobrevivência. O local foi dedetizado e a colônia, destruída.  

 

Como se prevenir

 

As recomendações dos profissionais da saúde são: deixar os arredores das residências sempre limpos, não deixar animais dentro de casa, não consumir carne de caça, que pode estar infectada com o protozoário, afastar galinheiros e chiqueiros pelo menos 20 metros da casa e telar janelas.  A limpeza detalhada da casa também é recomendada, sempre verificando embaixo das camas, entre o colchão e a grade e atrás dos armários.

 

“É importante lembrar também que, à noite, os barbeiros são atraídos para a luz, como a maior parte dos insetos. Então é importante não deixar luzes ligadas e janelas abertas. Se há um jardim, o ideal é colocar iluminação longe da residência, pois os barbeiros serão atraídos para lá. Para quem mora em local que tem lago, uma boa dica é colocar uma luz perto do lago. Os insetos vão em busca dessa luminosidade e acabam caindo na água e morrendo”, salienta o supervisor de endemias.

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