* Por Leandro Fidelis
A cada dia um novo pedaço da história de Conceição do Castelo vem à tona com o restauro da Igreja Matriz. Depois de descobrirem ser a imagem da padroeira uma raridade, os restauradores vão recuperar uma pintura em tela do século 19 que estava nos porões da construção.
Com 70 cm de largura e 1 metro de altura, o quadro retrata uma resplandecente Nossa Senhora da Imaculada Conceição rodeada por 30 anjos querubins. A tela escapou de ser jogada no lixo por uma fiel da Paróquia, que a encontrou em meio a escombros.
Os documentos da Igreja de Conceição mostram ser o quadro presente do primeiro bispo do Espírito Santo, Dom João Baptista Correa Nery, dado em 6 de setembro de 1899. No entanto, não há informações sobre o seu autor.
De acordo com a restauradora Rosângela Silvestre, por se tratar de uma obra muito antiga, a tinta está se esfarelando e a recuperação será trabalhosa. Não estava nos nossos planos restaurar uma tela, mas será uma satisfação pessoal cuidar dela, diz Rosângela, que conta com o apoio do artista local Márcio Dalbó nessa tarefa.
A restauração da Matriz levará pelo menos mais 100 dias. Quem passa em frente à Igreja não imagina também que existe um verdadeiro sítio arqueológico sob o piso. Nesta semana, a equipe de restauradores encontrou a pedra fundamental da inauguração e alguns resquícios do cemitério indígena existente ali antes da construção.
Para a historiadora Rita Ayres, entusiasta da valorização do patrimônio histórico-cultural de Conceição, a cidade vive um momento de orgulho da sua história. Mesmo quem não está colocando a mão na massa, está participando, seja sugerindo ou trazendo novas informações. Os moradores estão tendo sua própria história restaurada com esta obra, avalia.
Tenda cultural
Para aproveitar este momento de resgate histórico em Conceição, Rita junto à equipe de restauradores e a administração da Paróquia estão organizando um dia cultural na praça da Matriz. A idéia é reunir moradores de diferentes culturas do município para trocar experiências.
Ainda sem data marcada, o evento contará com uma tenda onde os moradores terão acesso a fotos e objetos que contam a história local. Cerca de 300 voluntários estão mobilizados em reunir este material.
No mesmo local, os moradores mais antigos estarão ali para contar os seus causos, difundindo a tradição oral de manter viva as histórias entre as atuais gerações. O povo tem que ter acima de tudo identidade, e isto passa pela história. Sem fazer todos estarem cientes desta identidade, fica impossível juntar a comunidade. Os conceiçoenses estão descobrindo a história do lugar onde vive, diz a historiadora Rita Ayres.
– Leia o que já foi publicado sobre a restauração da Igreja de Conceição no nosso arquivo de notícias e também uma galeria de fotos completa!