Muitos dos que trafegaram pela BR-262 neste fim de semana puderam conferir uma movimentação extra, não só de condutores, mas também de policiais. De olho no deslocamento de uma quantidade de veículos acima do normal nas rodovias federais neste final de semana, ocasionada por três grandes eventos realizados na Região Serrana do Estado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) capixaba montou a Operação Grau Zero, que permitiu o trabalho ininterrupto de equipes, com destaque para o sábado, data em que a fiscalização operou até o amanhecer de domingo.

Na visão do Superintendente da PRF, inspetor Fabio Rodrigues, o deslocamento das equipes do Núcleo de Operações Especiais (NOE), que normalmente trabalham no combate à criminalidade, foi responsável pelo sucesso e justifica a mudança temporária de atuação do grupamento. Para o inspetor, “estamos em um momento especial, de mudança de cultura. As pessoas têm de entender que o direito de viajar e trafegar pelas rodovias é de todos e não pode ser interrompido de forma trágica e criminosa por alguns poucos que não assimilaram a mudança”.

Apenas na BR-262, na noite de sábado, nove condutores foram autuados por embriaguez. Desses nove, sete foram encaminhados à polícia judiciária por estar com teor alcoólico superior a 0,29 miligramas de álcool por litro de ar, conduta que configura crime, conforme recentes alterações no Código de Trânsito. Além de ter o direito de dirigir suspenso por um ano e multa de R$ 957,70, a pena prevista é de detenção, num prazo que varia de 06 meses a 03 anos, sem direito aos benefícios legais proporcionados aos crimes de menor potencial ofensivo.

Preconceito

Embora as mudanças na legislação e a intensificação da fiscalização tenham trazido idéias criativas adotadas por grande parte dos condutores (um exemplo é o “amigo da vez”, em que um dos amigos que vai para a balada é escolhido para dirigir o veículo e, portanto, não ingere bebida alcoólica), os flagrantes ainda revelam situações lamentáveis, em que o condutor do veículo, apesar de ter ao seu lado uma pessoa habilitada e que não ingeriu bebida alcoólica, insiste em dirigir.

De acordo com o Chefe de Comunicação da PRF, Inspetor Edmar Camata, “esse ainda é um perfil dos causadores de graves acidentes. Apesar de terem ao seu lado um condutor ideal – uma esposa ou namorada habilitada a dirigir e que não havia bebido – insistiram em conduzir o veículo, muitas vezes por ilusoriamente acharem que mesmo embriagados seriam capazes de dirigir melhor do que essas mulheres, o que revela um preconceito ainda existente na cabeça de muitos condutores. Este fato ocorreu com três dos sete condutores que foram detidos neste sábado”.

Essa, entretanto, não é a regra. O que se viu na grande maioria dos cerca de 500 veículos abordados foram mulheres dirigindo e condutores, que, em geral, respeitam e aprovam as mudanças e o trabalho policial. Nenhum dos condutores – mesmo os alcoolizados – se recusou a realizar o teste do bafômetro.

* Fonte: Folha Vitória