* Leandro Fidelis
O amor supera até os problemas de saúde. De casamento marcado, um noivo de Venda Nova do Imigrante, Região Serrana do Estado, foi internado com insuficiência cardíaca às vésperas da cerimônia e, para realizar o sonho de subir ao altar, casou-se com a mulher com quem vive há um ano e oito meses na capela do hospital da cidade. Após oficializarem a união, o pedreiro aposentado por invalidez João Carlos Alves, 44 anos, não teve alta, e a dona-de-casa Maria Gorete Zanon, 36, passou a lua-de-mel sozinha. Agora, o casal vai tentar entrar na fila do transplante de coração para continuar vivendo sua história de amor, que começou ainda na adolescência.
Foi a primeira vez que a equipe do Hospital Padre Máximo- HPM presenciou um evento do tipo. Segundo a enfermeira Marli Zandonadi, João foi internado na última segunda-feira (26). Ele, que é diabético, já foi internado por diversas vezes por problemas decorrentes da insuficiência cardíaca.
Na última sexta-feira (30), João estava de casamento marcado no cartório da cidade, mas não pôde comparecer devido às suas condições de saúde. Ele foi submetido a exames e medicamentos, mas o médico não o liberou para a cerimônia.
“João já é um paciente conhecido. Nossa equipe se sensibilizou com a vontade dele de se casar e tratamos de providenciar a capela do hospital e um juiz de paz”, conta Marli.
Familiares do casal de Vitória e da região e os enfermeiros do HPM compareceram à cerimônia, realizada às 15h. Maria Gorete se produziu toda e foi recebida pelo noivo, na cadeira de rodas e respirando com ajuda de um balão de oxigênio. A cena emocionou a todos.
“Foi muito lindo, uma emoção muito grande. Nunca se passou na minha cabeça se casar no hospital. Agora vou torcer para o meu marido sair logo do hospital”, disse a noiva.
O noivo só não compareceu à festa depois da cerimônia no civil, mas comeu um pedacinho da torta salgada feita para a ocasião. "Meu sonho era casar de terno e gravata, mas como não teve jeito. Estou feliz mesmo assim."
Romance surgiu na adolescência
João Carlos e Maria Gorete são primos de primeiro grau. Ela conta que tinha 13 anos e ele, 19, quando o romance começou. “Ele morava em Limoeiro, no interior de Castelo, e eu em Cachoeiro de Itapemirim. Já frequentava a casa dele com interesse de namorá-lo, mas minha tia não permitiu o início do relacionamento.”
O casal acabou seguindo caminhos diferentes. Ele foi morar em Vitória, onde viveu com uma mulher, e ela, acabou se casando e teve duas filhas.
No dia em que a dona-de-casa se separou do ex-marido, uma mensagem de celular enviada por João Carlos trouxe à tona o sentimento guardado há 25 anos. “O amor de antigamente voltou e desde então passamos a viver juntos em Venda Nova. Aqui infelizmente o problema de saúde dele se agravou. Tinha muito medo de não conseguir me casar com ele”, relata Maria Gorete.
A esperança do casal para este ano é o transplante de coração. O cardiologista que cuida de João Carlos vai protocolar a entrada do aposentado na fila pela cirurgia, que pode manter viva essa história de amor ainda por muito tempo.