Pastoral da Saúde de Venda Nova: 20 anos promovendo saúde

* Leandro Fidelis

(leandro@radiofmz.com.br)

Em Venda Nova, outra entidade está comemorando décadas de trabalho voluntário em 2009. É a Pastoral da Saúde, que há 20 anos atua na fabricação de medicamentos fitoterápicos e no atendimento aos carentes do município. Xaropes, cápsulas, chás, entre outros produtos a base de mais de 100 variedades de plantas medicinais são procurados para tratamento de uma simples gripe e até do câncer.

Por trás disso estão 48 voluntários, que se dividem na preparação das ervas, nos laboratórios e no atendimento ao público, sem contar o setor da “Dimensão Solidária” (leia mais abaixo), um braço do voluntariado da Pastoral que realiza ações sociais na comunidade.

A Pastoral da Saúde funciona anexa à Área de Lazer, de segunda à quinta-feira, das 12 às 17h. No balcão da Pastoral, os preços são baixos para quem pode pagar e a distribuição é gratuita quando se trata de pessoas carentes.

O atendimento aumentou consideravelmente nos últimos anos. De acordo com a coordenadora Arcília Réboli Betini, a “Cila”, a média antes era de 4.500 pessoas por ano. Em 2008, os atendimentos aumentaram para 6.800. “Gente de todo o Espírito Santo e até do Rio de Janeiro vêm à Pastoral atrás dos nossos fitoterápicos. A confiança no nosso trabalho gerou essa divulgação”, afirma a voluntária.

Mas não só quem busca tratamento alternativo se interessa pelo trabalho da Pastoral. Nos últimos meses, a entidade tem recebido estudantes de farmácia, jornalistas e visitantes diversos interessados na iniciativa.

É o caso das amigas Denise Costa Felipe e Mirian Cleiva, que vieram de Itapeva (MG) para passar uma semana com os voluntários e levar a experiência para a família. “Eu me interessei pela entidade depois que meu marido fez uma reportagem há três meses. Estou impressionada com tudo”, diz Denise, editora de livros didáticos.

“Temos avós ‘mateiras’ que conheciam bem as plantas medicinais quando havia escassez de medicamentos industriais. Antigamente, essa sabedoria popular era muito importante”, diz a agricultora Mirian.

Prevenção com produtos consagrados

A Pastoral da Saúde visa a atuar na prevenção e, assim, diminuir os atendimentos de primeira necessidade nos postos de saúde e no hospital. “Temos muita eficácia principalmente com os problemas respiratórios. O mais importante para nós é a prevenção”, ressalta a coordenadora Cila. Segundo ela, os xaropes possuem a mesma base dos medicamentos industriais e não têm contraindicação.

Também se produzem tinturas, pomadas, compostos alimentares e plantas desidratadas para chá. Tudo vem da horta mantida em parceria com a Fazenda Experimental do Incaper. O boca-a-boca tornou alguns produtos mais conhecidos, hoje indispensáveis na farmacinha caseira dos moradores. Um exemplo é a paçoquinha, usada para tratar verminoses.

A manicure Maria da Penha Silva, 36 anos, está sempre recorrendo à Pastoral para cuidar da saúde da família. “Os chazinhos são naturais, calmantes… Meu filho teve problemas de intestino e usei os chás daqui”.

Já o empresário José Enes Mauro, 43, afirma ter avançado no tratamento do ácido úrico com os compostos da Pastoral. “O resultado tem sido muito bom.”

Solidariedade com o próximo

A ação da Pastoral não se limita à produção e distribuição dos medicamentos fitoterápicos. Outro grupo de voluntários realiza visitas aos doentes em suas casas ou no hospital, e atendimento aos carentes. Para dar maior conforto a quem precisa, a Dimensão Solidária providencia doações de fraldas geriátricas, cestas básicas, entre outros artigos.

Voluntária há 20 anos, Marillac de Aguiar coordena a Dimensão junto com Antônia Zanon. Marillac diz que são distribuídas, em média, 20 cestas básicas por mês, mas em maio esse número chegou a 32. “Quase uma cesta por dia. Na maioria das vezes, é a única garantia de alimentação para essas famílias”, relata a voluntária.

Sensibilizados com a causa da Pastoral, dois moradores anônimos depositam dois salários mínimos por mês para a conta da Dimensão Solidária. Uma prova de que existe gente de coração aberto para fazer bem ao próximo.

História

O uso de plantas medicinais pela Pastoral da Saúde em Venda Nova do Imigrante começou em agosto de 1989 com a religiosa Luiza Caliman, da Congregação dos Santos Anjos. Depois, cresceu gradativamente até 1999, quando o município criou o Projeto Pró-Venda Nova – Desenvolvimento Sustentável para Venda Nova do Imigrante, concentrando suas ações em três instâncias: incentivo à produção de café de qualidade, desenvolvimento do agroturismo e agroindústria, e soluções alternativas na prevenção e tratamento de doenças e desnutrição por meio de medicamentos fitoterápicos de alta eficácia e baixo custo.

De acordo com a coordenadora do projeto, Nara Caliman, os investimentos nessas três frentes somaram R$ 670 mil em quatro anos, com recursos da municipalidade e do governo federal, através do Pronaf. Os resultados foram tão bons que Venda Nova saiu vencedora de um concurso promovido pela Caixa Econômica Federal em 2003/04 (Prêmio Melhores Práticas em Gestão Local). O projeto também seria classificado como Good Practice, por um programa da ONU, em 2004. Finalmente, em 2005, Venda Nova foi o único município brasileiro convidado pelo governo da Coréia, em parceria com a ONU, a enviar representantes a Seul para o 6º Fórum Global sobre Reinvenção de Governança.

O Brasil teve uma indústria de medicamentos fitoterápicos forte entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. Infelizmente, porém, não suportou a concorrência dos remédios produzidos pela indústria farmacêutica, dominada por gigantescos laboratórios transnacionais. Contudo, a população seguiu usando ervas em remédios caseiros, ajudando a preservar conhecimentos preciosos. O resgate do conhecimento popular em benefício da saúde de todos começou no final do século passado. O médico Celerino Carriconde, especializado em Saúde Pública no Canadá, e Diana Mores principiaram por Recife, em 1979.

Nove anos depois, o casal e seus colabordores fundaram o CNMP – Centro Nordestino de Medicina Popular, para lutar pela legalização da fitoterapia nos serviços públicos e pela democratização e humanização do sistema de saúde. Como se vê, compraram uma boa briga, e nela continuam até hoje. O CNMP trabalha com representantes e grupos comunitários de mais de 300 comunidades urbanas e rurais do Nordeste. No plano nacional, o centro opera em rede com diversas entidades, e tem o apoio e a parceria de pelo menos uma dezena de organizações de outros países.

Por sua vez, o governo brasileiro abriu as portas do Sistema Único de Saúde para todas as formas de medicina, como a homeopatia, a acupuntura e a fitoterapia. Segundo dados oficiais, a fitoterapia é praticada em pelo menos 116 municípios, de 22 estados. No entanto, por conta dos contatos que mantém com pessoas de todo o país, Celerino Carriconde calcula em três mil o número de municípios em que a fitoterapia é praticada (* Fonte: Globo.com).

Serviço:

Pastoral da Saúde de Venda Nova

Atendimento de segunda à quinta-feira, das 12 às 17h

Prédio anexo à Área de Lazer, no bairro São Pedro

Tel.: (28) 3546-1940

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