#Pedalfmz: em Venda Nova pedalar também é tradição

* Leandro Fidelis

leandro@radiofmz.com.br

 

Pelo menos três vezes por semana ele sai de bicicleta para fazer compras ou ir aos Correios. Faz em média seis quilômetros por dia da sua casa ao centro da cidade. Seria uma cena comum se não fosse por um motivo.

 

O ciclista tem 86 anos. É o agricultor Clementino Caliman, de Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana do Espírito santo. Clementino pedala há 70 anos e, além dele, outros idosos esbanjam disposição sobre duas e até três rodas. Isso torna o lugar e seus moradores ainda mais típicos.

 

Filho de imigrantes italianos, Seu Clementino é uma figura conhecida porque sua história se confunde com a dos pedais em Venda Nova. Quando as primeiras bicicletas surgiram ainda no antigo vilarejo, Clementino estava lá e até participou de corridas de bicicleta na juventude.

 

“Aprendi a pedalar com a bicicleta do meu irmão Domingos, dono de uma das primeiras da cidade. Mais tarde comprei uma e ia com ela até Conceição do Castelo”, diz o agricultor.

 

Muito além do prazer de pedalar, Seu Clemetino tem na bicicleta o seu principal meio de transporte. Ele teve um problema grave na visão e, por isso, não conseguiu ser motorista.

 

Então, vai de “bike” até nos compromissos à noite, como o ensaio do coral mais tradicional da colônia de italianos, o “Santa Cecília”. “A ciclovia ajuda muito a gente a andar devagarzinho. Pedestres e ciclistas têm cada um o seu espaço. O importante é a gente sempre andar na mão da gente.”

 

Pedais vencem a depressão

Seu Clementino Caliman não é o único. Há seis anos, quem passa pelas principais avenidas da cidade vê na ciclovia uma senhora pedalando sobre um tricilo com cestinha traseira, sempre usando touca de lã na cabeça e saia comprida.

 

É a lavradora Antônia Bento da Silva, a popular "Tonha" (61), que superou com o ciclismo a depressão causada pela morte da mãe. O triciclo pertencia a uma vizinha e estava desmontado e jogado na garagem. Tonha conta que comprou o veículo a um preço irrisório e viu nele a possibilidade de superar a dor. Chegou a pedalar de madrugada para aliviar a saudade da mãe.

 

“Eu perdi meu intelecto, a vontade de viver. Minha mãe era o meu tesouro, tudo que tinha no mundo. Vivia só para ela”, relata Tonha.

 

Hoje, admira a capacidade que tem de circular no meio dos carros e até pensa em tirar a Carteira de Habilitação. Mas, enquanto apenas pedala, ela conhece melhor que ninguém os riscos de andar de bicicleta no dia a dia nas ruas de Venda Nova.

 

“Tanta gente tem dúvida quando se depara com carro de lado, carro do outro. Não está fácil circular de bicicleta, tem lugares que tem espaço para ciclista, mas ainda pode melhorar mais.”

 

Risco de quedas maior na Terceira Idade

Embora a prática de atividades físicas seja saudável para a Terceira Idade, o ciclismo tem limitações para os vovôs. O educador físico Arthur Falqueto afirma que, quem começou a pedalar cedo, chegou à velhice com mais qualidade de vida.

 

No entanto, não é recomendado ao idoso que nunca andou de bicicleta iniciar a atividade nesta etapa da vida devido à dificuldade com o equilíbrio e visão comprometida. “A bicicleta é interessante desde que o idoso tenha prática e histórico com o ciclismo. Não é ir agora a uma loja e comprar uma bicicleta. O risco de queda na Terceira Idade é muito grande”, avalia Arthur.

 

Ao produzir essa reportagem, nossa intenção era encontrar uma ciclista bem famosa em Venda Nova: Angelina Brioschi, a "Dindinha". Porém, depois de mais de 70 anos de pedal, ela abandonou a atividade. Hoje, aos 82 anos, está bem de saúde e continua indo toda quarta trabalhar como voluntária na Pastoral da Oração.

 

Ela só trocou a popular Monareta pelo transporte público coletivo porque a família da idosa estava preocupada com sua segurança no trânsito intenso e crescente na cidade do interior capixaba. “Me dá até mal estar ver esse ir e vir de ciclistas, pedestres e motoristas. É uma coisa muito perigosa”, diz Dindinha, que chegou a sofrer pequenos acidentes.

 

*A série “Pedal FMZ” trará ainda outras duas reportagens especiais aqui no site e também nas ondas do rádio. Acompanhem também pelas redes sociais!

 

**Leia também: Ciclistas têm obrigações e direitos no trânsito

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