Pesquisa da Polícia Civil aponta que 39% das vítimas fatais no trânsito haviam ingerido bebida alcoólica

Um estudo desenvolvido pelos peritos bioquímicos-toxicologistas do Departamento Médico Legal (DML), da Polícia Civil do Espírito Santo, aponta um dado preocupante em relação às vítimas fatais de acidentes de trânsito. A partir de dados coletados durante 18 meses no Serviço de Laboratório Médico Legal do DML, os especialistas constataram que 39% das pessoas que morreram nas ruas e estradas capixabas tinham álcool no sangue e, destes, 95,6% eram homens.

As informações foram apresentadas à imprensa na manhã desta sexta-feira (25), na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória. Na pesquisa “Estudo do perfil das vítimas fatais de acidentes de trânsito no Estado do Espírito Santo e sua relação com a presença de álcool”, os peritos analisaram amostras de sangue de vítimas fatais em qualquer acidente de trânsito e nos quais os corpos foram encaminhados ao DML.

Estiveram presentes ao evento o secretário de Segurança Pública, Rodney Rocha Miranda; o chefe da Polícia Civil, Júlio César Oliveira; o comandante geral da Polícia Militar, coronel Oberacy Emmerich Júnior; o diretor geral do Detran, Paulo Lemos; o titular da delegacia de Trânsito, delegado Fabiano Contarato, e o comandante do Batalhão de Trânsito, tenente-coronel, Dejair Braz Pereira da Silva.

Os especialistas realizaram as análises quantitativas de álcool e coletaram informações de 943 pessoas, com idade acima de 16 anos, durante janeiro de 2008 e junho deste ano. Desse número, 86,5% eram homens e cerca de 36% tinham idade entre 21 a 30 anos. As informações foram relacionadas a acidentes que envolveram qualquer veículo – carro, caminhão, ônibus, motocicletas e atropelamentos.

Resultados

De acordo com a pesquisa, 51% dos acidentes com mortes foram provocados por veículos automotores; 25% por motocicletas e 24% por atropelamentos. Das amostras coletadas nas 943 vítimas, 371 apresentaram resultado positivo para álcool no sangue, o que representa 39% dos casos.

Segundo a perita do DML, doutora Josidéia Barreto Mendonça, uma das profissionais que participaram da pesquisa, o estudo teve como objetivo avaliar a evolução das ocorrências de mortes provocadas no trânsito e o número de resultados positivos para álcool no sangue, correlacionar o efeito da implementação da Lei de “Tolerância Zero”, além de traçar um perfil das vítimas fatais de acidentes no Espírito Santo.

O estudo também apontou que, das vítimas que tinham álcool no sangue, aproximadamente 98% apresentaram uma taxa muito acima do que é permitido pela legislação.

“Na pesquisa foi constatado a maioria das pessoas que morreram no trânsito e que estavam com alcoolemia positiva, apresentavam nível igual ou acima de 2 decigramas (dg/L) de álcool por litro de sangue, ou seja, bem maior do que é definido pela Lei de Tolerância Zero. Desse número, mais de 40% apresentaram 10 dg/L de álcool por litro de sangue”, destaca o perito do DML e também coordenador da pesquisa, doutor Fabrício Souza Pelição.

De acordo com os peritos, outro detalhe que chama a atenção, é que nos dados coletados, aproximadamente, 40% das vítimas em todos os acidentes analisados haviam ingerido bebida alcoólica. “Os dados se mantiveram equivalentes. Ou seja, até as pessoas que morreram atropeladas que, geralmente, são apontadas como vítimas, deram resultado positivo para álcool no sangue”, frisam.

Regiões com maior índice de vítimas fatais

Entre os casos analisados pelos peritos do DML, o maior número de acidentes com vítimas fatais foi registrado no interior do Estado, com 62,5%. A Região Metropolitana, composta pelos municípios de Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica, Viana, Fundão e Guarapari, representou 37,5% dos casos.

Do total de vítimas fatais do interior do Estado, 43,4% apresentaram resultado positivo para álcool no sangue, enquanto na Região Metropolitana o índice foi de 33%. De acordo com a pesquisa, o município com mais mortes no trânsito na Região Metropolitana foi Serra, com 11,9%. As principais vítimas, pouco mais de 50%, tinham entre 21 a 40 anos.

Impacto da Lei de “Tolerância Zero”

Uma dos objetivos da pesquisa foi estudar os efeitos da implementação da Lei de Tolerância Zero no comportamento do capixaba. A partir das coletas de dados de 718 vítimas fatais – as mortes provocadas por atropelamento foram excluídas desses dados – os peritos constataram que o número de pessoas que morreram no trânsito não sofreu reduções estatisticamente significativas no período estudado, mesmo após o início da implantação da lei.

De acordo com o estudo, após mais de um ano de vigência da Lei, o número de vítimas com presença de álcool no sangue continua elevado em todo o Estado e se manteve equivalente em todo o período estudado.

Pesquisa

A pesquisa “Estudo do perfil das vítimas fatais de acidentes de trânsito no Estado do Espírito Santo e sua relação com a presença de álcool” foi desenvolvida pelos peritos bioquímicos-tóxicologistas do DML e coordenada pela doutora Josidéia Barreto Mendonça e pelo mestre Fabrício Souza Pelição.

O estudo foi uma iniciativa dos peritos do DML e teve o apoio da Superintendência de Polícia Técnico–Científica (SPTC), e do Laboratório de Neuropsicofarmacologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coordenado pela professora e doutora Ester M. Nakamura-Palácios.

Há 17 anos trabalhando no DML, Josidéia Barreto é doutora em Ciências Fisiológicas pela Ufes. Já Fabrício Pelição é mestre em Doenças Infecciosas, formado também pela Ufes, e está na equipe de peritos do Departamento Médico Legal há dois anos e meio.

Confira mais Notícias

Detran- ES alerta para golpe de falsas mensagens de notificação de penalidade

Ifes de Venda Nova lança a revista VNI Em Pauta

Exponoivas e Debutantes nas Montanhas 2024 divulga programação oficial

RuralturES oferece a verdadeira essência do turismo de experiência na Fazenda Pindobas

Passeio ciclístico de Venda Nova será realizado neste domingo, dia 28

Definido calendário do IPVA 2024 para o Espírito Santo

Governo do Espírito Santo anuncia pagamento de abono salarial em dezembro

Procon-ES alerta quanto às armadilhas do verão