Plano Safra: há R$ 1,37 bilhão para empréstimos, mas agricultor está superendividado

Fernanda Zandonadi
jornalismofmz@gmail.com

 

A crise bateu na porta dos agricultores capixabas. Se por um lado, há dinheiro no caixa dos bancos para o crédito rural, por outro, o endividamento do produtor bate recorde e impede a tomada de novos empréstimos. O Banco do Brasil (BB) anunciou, nesta quarta-feira (6), o montante que será destinado ao Plano Safra 2016/17.  O Espírito Santo terá disponível R$ 1,37 bilhão para operações de crédito rural.  A inadimplência, no entanto, preocupa. Além de causar prejuízos ao banco, ela impede a tomada de novo crédito por parte do agricultor. Para dar uma ideia, a agência do BB de Venda Nova, registrou uma média de 0,48% de devedores nos últimos anos. Em 2016, esse número bate os 2,47%, um índice recorde de calote. 

 

"A inadimplência  aumentou no contexto geral, em todo o país. Os números mostram que o agricultor está superendividado, e isso se repete em todo o Estado e no Brasil. Não é um fato isolado, mas preocupante. O atraso compromete não apenas o crédito do devedor, mas também do fiador. Nossa ideia é orientar aqueles que estão devendo para que eles possam novamente tomar crédito e continuar a produção, que implica não apenas em mais dinheiro circulando nas cidades, mas na manutenção de empregos e renda", explica o gerente da agência do BB de Venda Nova do Imigrante, Luciano Pires.

 

A renegociação da dívida, segundo Pires, é a saída mais indicada. Ele salienta que tanto o BB quanto outros bancos têm trabalhado para impedir a negativação dos nomes dos inadimplentes, oferecendo oportunidades para quitação dos débitos. "Os bancos têm interesse em renegociar. Basta ir até uma agência e buscar uma solução para o problema", explica.

 

Desconfiado

A equação se complica ainda mais por conta da falta de confiança do produtor rural nos rumos da economia. Se há aqueles que não podem contratar novos empréstimos por conta da negativação do nome, quem pode tomar crédito se mostra desconfiado. Um termômetro disso é o quanto foi emprestado na safra 15/16 pelo BB de Venda Nova: R$ 10,5 milhões, quase metade do que foi concedido na safra 14/15, quando a carteira de crédito superou os R$ 20 milhões.

 

Em uma reunião para a apresentação dos números, o prefeito de Venda Nova do Imigrante, Dalton Perim salientou que a desconfiança é natural neste momento de crise financeira e política. "O cenário é de desafios, as pessoas têm a noção de que é um momento delicado e complicado. E é de se esperar que os produtores e empresários se comportem de acordo com essa realidade, com prudência. E aqui na nossa região as culturas são perenes, quer dizer, o produtor planta o tomate, as verduras, e têm que vender no momento que elas estão no ponto. Não podem simplesmente estocar e esperar preço, como no caso do café", ressalta.

 

Luciano Pires enfatizou que, neste cenário, o importante é planejamento. "Aqui a cultura é mais rápida, e isso pode ser positivo. Um agricultor forma uma lavoura com 90 dias. Nossa ideia é mesmo informar ao produtor que há dinheiro disponível, há chances de renegociação das dívidas e que precisamos ser proativos. Há uma crise instalada, mas é preciso planejar agora para que, quando ela amenizar, seja possível ganhar dinheiro", explica.

 

Produtor padrão

Na campanha de divulgação do Plano Safra desta temporada, um vendanovense foi escolhido como produtor padrão. Rafael Uliana é produtor de milho e mora em Brasília, onde mantém sua fazenda. Segundo Pires, o crescimento dos negócios de Uliana mostra a importância do crédito ao agricultor. "Ele começou há 30 anos, fez investimentos e hoje é um grande produtor", revela.

 

Dinheiro no mercado

O volume de dinheiro destinado ao Espírito Santo no Plano Safra 2016/17 é 8,97% superior ao desembolsado na safra 2015/16. Dos R$ 1,37 bilhão,  R$ 674,80 milhões irão financiar a agricultura familiar, R$ 227,40 milhões os médios produtores rurais e R$ 476,30 milhões vão atender aos demais produtores e suas cooperativas rurais. O BB está contratando operações desde o  primeiro dia da nova safra, 1º de julho.

 

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