Pra contar carneirinhos acordado

* Por Leandro Fidelis

O tamanho do mercado é extenso como um novelo de lã. Mas o agricultor familiar que investir em ovinos pode gerar renda além da tosquia. Só para se ter uma idéia, o brasileiro consome pouca carne e mal conhece o sabor do queijo do leite de ovelha.

A Região Serrana já conta com pólos de ovinocultura. Quem está na atividade garante ser rentável, a ponto de o homem do campo não pensar em sair do lugar onde vive. Com a venda da carne, a lucratividade chega a 60%. Enquanto a arroba bovina custa R$ 50,00, a ovina vale três vezes mais.

Em Venda Nova, o zootecnista Gláucio Magalhães aposta no ramo de melhoramento genético. Em 1 hectare de uma propriedade de 8 alqueires, ele cria 16 animais das raças Santa Inês, a mais difundida no país; e Dorper, originária da África do Sul, cujas características são a cabeça preta e o pêlo branco. Quando cruzadas, garantem carne de qualidade apreciada.

Há dois anos, ele investiu R$ 27 mil em parceria com o produtor rural Arnaldo Falqueto, proprietário da fazenda. Começou com sete animais e hoje comercializa reprodutores da raça Dorper e desenvolve produtos para ovinos, atendendo criadores da região. Os filhotes, na desmama, custam a partir de R$ 2 mil e podem chegar a R$ 10 mil.

Em um ano e dois meses, Gláucio teve retorno de 80% do capital investido. O produtor calcula a partir de sua experiência que só criando Dorper puro o rendimento é de 12% ao mês. “Não existe aplicação no mundo comparada a esta”, dimensiona.

Junto com um especialista em nutrição animal da Universidade Federal Fluminense- UFF, Gláucio desenvolveu um projeto para agricultura familiar, analisando o custo da rentabilidade do Dorper puro sangue, Santa Inês e meio sangue. A taxa chega a 13,91% ao ano, incluindo o investimento inicial para estruturar a propriedade. De acordo com o zootecnista, a taxa triplica em três anos. “Neste período, o criador já conseguiu pagar o investimento”, diz. “O Ovino aproxima o homem do campo. O manejo é fácil, familiar”.

Outro exemplo é o de Ozênio Zorzal, de Viçosa, Conceição do Castelo. Dono de um plantel de 60 ovinos entre filhotes e adultos, ele ingressou na atividade há cinco anos, visando apenas colocar os animais para se alimentar da grama acumulada em volta dos tanques de peixe.

Acabou pegando gosto e hoje abastece o mercado local com carne de Santa Inês. Com a chegada do Natal, há uma enorme lista de espera. “A procura aumenta nesta época e tenho que abater o cordeiro um pouco menor para dar conta. A ovinocultura tem boa rotatividade, é mais veloz em relação ao bovino”, diz.

Produção

A alimentação básica de ovinos é capim volumoso e ração, em períodos mais secos. Obtém-se um cordeiro (animal com até seis meses de vida) em cinco meses a pasto. Para o abate, o carneiro (animal adulto) deve ter 60 kg, o dobro do cordeiro. Dependendo da raça, a produção média é de um ano.

Os frigoríficos pagam melhor pela cruza, quase 50% a mais que o Santa Inês puro. No Espírito Santo, o quilo da picanha do cordeiro custa R$ 30,00, enquanto o carneiro sai pela metade. O cordeiro é apreciado porque sua carne tem 0% de colesterol. Quando cotado em carne, o meio sangue é comprado- a peso vivo- a 3,50 o quilo.

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