Os consumidores da Região Serrana e da maior parte do Espírito Santo não sentirão nas bombas a queda nos preços da gasolina nas refinarias, que foi anunciada pela Petrobras na última sexta-feira (14). Isso porque a alta do etanol compensou a redução do preço da gasolina. A entressafra da cana-de-açúcar faz com que o preço cobrado nas bombas se torne praticamente igual na maior parte dos postos, já que o combustível vendido no país tem 27% de etanol em sua composição.
Em Venda Nova do Imigrante, as notas fiscais disponibilizadas pelos donos de postos de gasolina mostram que, enquanto o preço da gasolina ao fornecedor permanece igual, o diesel teve uma pequena queda, de R$ 0,03 – essa diminuição já foi repassada ao consumidor na maior parte dos estabelecimentos. Por outro lado, o álcool já chegou aos postos com aumento de R$ 0,04 esta semana. Na prática, isso significa que na composição final, o preço da gasolina permanece inalterado para aqueles que vão abastecer seus veículos.
Um indicador importante que mostra que nem sempre o consumidor ganha com a queda do preço da gasolina nas refinarias é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/Usp. O estudo mostra que, no último mês, no país, o preço do etanol anidro – usado na mistura com a gasolina – teve alta de R$ 0,26, o que praticamente anula o desconto anunciado pela Petrobras no combustível a base de petróleo.
Na última sexta-feira, a Petrobras anunciou uma nova política preços dos combustíveis, com redução de 2,7% do preço do diesel e 3,2% na gasolina. Os novos valores começaram a ser praticados no último sábado (15). A queda, no entanto, se refere ao valor da comercialização nas refinarias.
O Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (Sindipostos-ES) informou, em nota, que considera altamente positiva a notícia de que a Petrobras está mudando a sua política de preços e levará em consideração a paridade internacional. “Um grave erro do passado está sendo corrigido, mas ainda há uma grande disparidade, com os preços praticados aqui 30% acima dos mercados internacionais. É inaceitável que os preços no nosso país estejam desalinhados com o resto do mundo, sendo mantidos artificialmente com objetivos eleitoreiros e populistas. Queremos crer que agora o setor de combustíveis no Brasil entre de vez nos trilhos”, afirma o diretor de Comunicação e Financeiro do Sindipostos-ES, Nerleo Caus.
Segundo a direção do sindicato, a respeito de previsões de oscilação no preço, não é possível afirmar quanto, quando ou se haverá alteração para o consumidor. Isso porque depende do repasse das distribuidoras e também se os governos estaduais não aproveitarão para embutir algum aumento de pauta no ICMS, o que é bem comum. Por fim, continua a nota, cabe esclarecer que o mercado é livre e cada revendedor estabelece o seu preço de venda de acordo com seus custos e estratégias de mercado.
Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas