* Por Leandro Fidelis
Num tempo em que a TV e a Internet estão cada vez mais sedutores, o hábito da leitura vai ficando de lado como um livro na cabeceira da cama. Mas se depender de duas iniciativas voluntárias, uma em Venda Nova e outra em Afonso Cláudio, ficar sem ler será uma página virada no dia-a-dia dos moradores, principalmente das crianças.
O primeiro projeto é de um grupo de leitura partilhada, enquanto em Afonso Cláudio, a 51 km de Venda Nova, acaba de ser criada uma biblioteca comunitária no Bairro Campo 21. Por trás destas idéias, duas mulheres dispostas a fazer da leitura uma prática corrente entre familiares, vizinhos e amigos.
Desde que chegou a Venda Nova em julho de 2007, a mineira Jaqueline Salgado quis compartilhar sua experiência em Viçosa de leitura em grupo. Formada em belas artes e à frente de projeto semelhante numa comunidade naquela cidade mineira, ela acaba de ganhar um prêmio nacional onde relata esta experiência.
Foi durante o 10º Salão Nacional do Livro Infanto-Juvenil, no final de maio, no Rio de Janeiro. Jacqueline disputou com outros 3.000 trabalhos na categoria Leia Comigo que incentiva à leitura entre crianças e adolescentes. Como prêmio, ela ganhou 240 livros para começar seu grupo literário.
Ao receber a premiação fiz questão de dizer que era moradora de Venda Nova e vi o quanto a cidade é conhecida. Estou amando aqui onde muito podemos fazer para difundir a leitura na cidade, diz a autora de 16 livros infantis ainda sem publicar e que planeja um lançamento para o fim deste ano. Duas editoras estão para aprovar o projeto. Quando publicar o primeiro livro, passo a concorrer em outra categoria do concurso.
Livros em lanchonete
Em Afonso Cláudio, há uma semana cerca de 500 livros contribuem para a cultura dos moradores. A biblioteca improvisada fica na estante de uma lanchonete do Bairro João Valim, o popular Campo 21. Segundo a idealizadora do projeto, a cabeleireira Marilza Gonçalves, o local foi escolhido por não vender bebida alcoólica nem cigarros.
Conhecida na comunidade por emplacar iniciativas voluntárias como a arborização da principal rua do bairro, ao longo de um ano Marilza recebeu doações de livros de clientes do seu salão no centro da cidade. Agora ela pretende oferecer prêmios aos usuários dos livros para incentivar ainda mais a leitura.
A maioria dos moradores do bairro são de baixa renda e aqui vivem muitas crianças. O objetivo é tirar essas crianças do ócio e atrair também os adultos para a leitura, já que temos diversos gêneros de literatura, destaca Marilza.
Brasil que lê
O brasileiro está lendo mais, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. No Estado, a tendência é a mesma. Prova disso são os números da Gráfica GSA, que imprimiu, só este ano, 58 títulos. São mais de dez livros, por mês, chegando ao mercado capixaba.