* Valdinei Guimarães
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O queijo com goiabada é uma sobremesa bastante conhecida e apreciada pelos brasileiros. A combinação rendeu um produto inovador na região de montanhas do Estado. Uma queijaria da localidade de Pindobas, área rural de Venda Nova do Imigrante, está prestes a lançar um queijo com pedaços de goiabada. A novidade é apenas um dos produtos feitos pelo estabelecimento, que começou com o trabalho de uma dona de casa.
A novidade é baseada no queijo minas padrão. A receita leva os ingredientes convencionais: leite, sal e coalho. A diferença é que são colocados pedaços do doce feito com goiaba na massa do queijo. A ideia surgiu por causa de solicitações dos clientes. “Os turistas nos pediam queijo com goiabada e nós tínhamos os dois produtos separados. Porém, eles queriam o queijo já com a goiabada como recheio. Por isso, comecei a pensar se seria possível juntar os dois num produto só”, conta Catarina Scabelo, administradora da queijaria.
A partir da ideia inicial, ela decidiu experimentar. “Fizemos testes para saber como ficaria o processo de maturação do queijo com o doce dentro, porque há vários detalhes a serem levados em conta. Percebemos que deu certo. O sabor ficou muito bom e as unidades que fizemos para testes agradaram a quem experimentou. Por isso, decidimos produzir para venda”, explica a administradora.
O processo de preparo do queijo é mantido em segredo, mas Catarina revela que é parecido com o de um queijo minas padrão. Para chegar ao ponto ideal de consumo, são necessários quinze dias de maturação. “Nós fizemos testes todas as semanas durante dois meses até chegar ao resultado que tivemos. Foi difícil. Fomos fazendo e experimentando até conseguir”, conta Catarina.
Queijo ao vinho e com orégano também são destaques da queijaria – Foto: Valdinei Guimarães |
A queijaria da família passará a fabricar outros produtos diferenciados, além do queijo com goiabada. O queijo ao vinho será um deles. Ele também é baseado no minas padrão. Porém, depois de pronto, fica mergulhado no vinho tinto por dois dias. O sabor e a cor da bebida penetram no queijo, que fica bastante característico. Outras novidades da queijaria devem chegar ao mercado em breve. Serão lançados o queijo com orégano e também o doce de leite pastoso.
Quem quiser experimentar as novidades, vai precisar esperar um pouco. Os produtos estão aguardando liberação da Secretaria Municipal de Agricultura para serem produzidos comercialmente.
De mãe para filha
A queijaria da família Scabelo surgiu por causa de uma tradição. A mãe de Catarina, Inês Bruneli Scabelo (62), era queijeira e, quando decidiu deixar a profissão, passou para a filha a responsabilidade de atender aos pedidos dos clientes que conquistou durante 19 anos de trabalho. Catarina, que divide o tempo entre o estabelecimento e a profissão de pedagoga, assumiu a função e toca o negócio desde o fim de 2012.
Dona Inês passou a tarefa de fazer queijos para a filha Catarina – Foto: Valdinei Guimarães |
“Começamos pequenos. Construímos a queijaria naquele ano e, no fim de 2013, tivemos que ampliá-la porque a demanda começou a aumentar e o espaço acabou ficando pequeno”, conta Catarina. Hoje, ela tem duas auxiliares para suportar a demanda. Os maiores clientes sãos supermercados e comércios vendanovenses, mas a queijaria recebe turistas que podem degustar os produtos e comprá-los no local.
O estabelecimento produz, até o momento, sete tipos de laticínios. O número é bem maior do que quando iniciou as atividades, há um ano e meio. “Nós começamos com o queijo minas padrão. Hoje, além dele, temos o minas frescal, a puína e quatro sabores de iogurte: banana, aveia e mel; coco; ameixa; e morango”, detalha Catarina. Tudo é feito com o leite ordenhado na propriedade da família. A maior parte dos 180 litros produzidos diariamente na fazenda é vendida. A expectativa é que, no futuro, haja demanda para usar toda a produção.
Começo por acaso
A tradição de fazer queijos começou por acaso e acabou se tornando um bom negócio para a família. Cerca de vinte anos atrás, dona Inês Bruneli Scabelo era dona de casa e decidiu, juntamente com o marido, comprar uma vaca para suprir à demanda de leite dos filhos. “Eu tinha três filhos pequenos e comprava muito leite para eles. Por isso, resolvemos adquirir uma vaquinha para ter o produto em casa. Porém, ela produzia muito e sobrava. Então, comecei a fazer queijos com o excedente”, conta Inês.
A dona de casa tomou gosto pela atividade e passou a produzir para venda. Foi preciso adquirir mais vacas para ter leite suficiente e ser capaz de atender aos pedidos de queijo. Dona Inês ficou conhecida pelo produto que fazia e até vendia para supermercados de Venda Nova. Ela fez cursos, se especializou e tem certificado de queijeira profissional. Só abandonou a atividade porque se sentiu cansada do trabalho. “Com o passar do tempo, a gente vai adquirindo idade e enjoando das coisas. Por isso, decidi parar”, conta ela.
O negócio da família cresceu e dona Inês acompanha o trabalho de perto – Foto: Valdinei Guimarães |
A receita dos queijos produzidos pela queijaria da família não é a mesma que dona Inês usava. “Eu fazia do jeito caseiro. Aproveitava meu fogão à lenha para deixar o leite morno para coalhar. Hoje, não podemos mais fazer daquela forma. O leite tem que ser pasteurizado”, comenta a dona de casa. A pasteurização é uma técnica utilizada para esterilizar o leite. Ele é aquecido a altas temperaturas e resfriado rapidamente em seguida, para matar organismos nocivos à saúde humana.
Apesar de estar aposentada, dona Inês não abandonou o hábito. Ela ajuda a filha Catarina a cuidar do empreendimento. “Eu estou sempre do lado! Se precisar vir atender aos clientes, eu venho. Se faltar funcionários, eu ajudo. Continua a mesma coisa!”, conta ela, que se diz satisfeita com o sucesso da queijaria que leva seu nome e que ajudou a criar. “Eu estou super feliz de ver que está dando certo”, declara a dona de casa.