* Por Leandro Fidelis
O uso de agrotóxico nos morangueiros das montanhas do Espírito Santo pode estar com seus dias contados. Numa iniciativa inédita no Estado, o grupo Peterfrut, situado na região produtora de Alto Caxixe, Venda Nova, está difundindo um modelo de controle biológico que promete ser mais eficaz no combate às pragas. Com a aplicação dos ácaros predadores, o uso de insumo na lavoura de morango pode reduzir até 95%.
De tamanho microscópico, o ácaro predador (Neoseiulus Californicus) é um inimigo natural do ácaro rajado, que ataca as plantas principalmente no verão comprometendo toda a safra. Este controle de pragas é usado desde a década de 50 na Europa e nos Estados Unidos em diversas culturas agrícolas e só chegou ao Brasil no final dos anos 90.
Para implantar a tecnologia nas montanhas, a Peterfrut em parceria com a Prefeitura de Venda Nova e o Instituto Capixaba de Assistência Técnica, Pesquisa e Extensão Rural- Incaper, contratou a Promip- Manejo Integrado de Pragas, de Piracicaba (SP), que teve experiências bem sucedidas em morangueiros do Sul de Minas.
Nesta quinta-feira (6), o doutor em entomologia Marcelo Poletti, da Promip, esteve em Tijuco Preto, zona rural de Domingos Martins, realizando os primeiros experimentos com o ácaro predador junto aos quatro técnicos da Peterfrut contratados para o Programa de Produção Integrada. Duas propriedades foram escolhidas como modelo.
O ácaro predador é uma alternativa encontrada na própria natureza e com eficácia comprovada. O produtor infelizmente só conhece o controle químico de pragas, disse Poletti.
Se a experiência der certo, a Peterfrut vai replicar a tecnologia para os 1.000 produtores parceiros que compõem a cadeia produtiva do Estado, hoje tendo como maior região produtora a localidade de Santo Antônio do Garrafão, em Santa Maria de Jetibá. Nosso próximo passo é comparar com as lavouras que usaram agrotóxico. Em março do próximo ano, durante o pico da safra, teremos uma avaliação precisa, destaca Valkinir Hand, produtor de morango e um dos técnicos da Peterfrut.
Como funciona
Os ácaros predadores vêm condicionados em frascos contendo 500 ou 2.000 indivíduos. Dentro da embalagem, eles são misturados com cascas de arroz. Este material é inerente e facilita a aplicação no campo. Cada frasco custa em média a R$ 18,00, mas o rendimento pode variar, segundo o especialista.
Os ácaros são produzidos em estufas com temperatura e umidade controladas. Primeiro produz-se a praga, o que leva 30 dias. Depois são necessários mais 15 para desenvolver o predador. O produto sai em no máximo 15 dias. É recomendável constante acompanhamento técnico.
Equilíbrio
Empresa pioneira em aderir à produção integrada, a Peterfrut visa um produto final isento de resíduos químicos para livrar o morango capixaba da imagem negativa do passado. O uso do ácaro predador vai acabar com o uso indiscriminado do agrotóxico. A maioria não sao registrados para a cultura do morango. Vamos trabalhar pesado junto aos produtores, diz Elton Peterle, engenheiro agrônomo do grupo.
A intenção é oferecer treinamento aos agentes, transformando-os em propagadores do projeto de produção integrada e de toda tecnologia para uma produção equilibrada com o meio ambiente. Também serão estabelecidas parcerias para o controle biológico chegar ao alcance dos produtores.