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Uma oportunidade desperdiçada em Venda Nova

Com um custo abaixo do usual no mercado, o curso do idioma italiano em Venda Nova amarga uma procura abaixo das expectativas. Para surpresa geral, num município onde é grande a concentração de descendentes de italianos, há dificuldade para manter a turma completa até o final de cada período e mais ainda até o final do curso, que é de três anos.

“O que lamentamos são as oportunidades perdidas”, diz a professora Claudete Paste, que leciona no programa. O desinteresse diante das crescentes ofertas profissionais e de estudo formam uma equação difícil de resolver. Recentemente, um projeto de intercâmbio teve dificuldade de fechar as dez vagas oferecidas devido à escassez de jovens com fluência no idioma.

Para os professores, esta é uma triste realidade do presente. Há 12 anos o curso é oferecido em Venda Nova numa parceria entre a Associação de Língua e Cultura Italiana do Espírito Santo- Alcies, com a Associação Festa da Polenta, que permite a freqüência dos alunos por R$ 350,00 anuais, incluindo apostilas originais.

Os poucos que se formam não têm interesse em lecionar nas escolas regulares. Outro fator que pode contribuir para o desinteresse geral é a ausência da disciplina da 1ª à 8ª série nas escolas municipais. O Estado mantém as aulas de italiano e dentro de dois anos todas as escolas sob sua direção em Venda Nova terão a disciplina até a 8ª série. Na Escola Liberal a disciplina vai até a 6ª e na Domingos Perim, até a 7ª.

Na Escola Fioravante Caliman, o sistema de aulas já alcançou as turmas de 8ª série e, para valorizar, todas as quartas-feiras os alunos rezam o Pai Nosso em italiano na hora da entrada. Outro estímulo é sinalização do prédio está em italiano e em inglês.

Dentre os cinco professores do município está Leandro Fidelis que enumera as possibilidades, embora desestimulado pelo Estado por receber menos de quem tem formação em letras/italiano. Além das oportunidades de intercâmbio com a Itália, existem a demanda de aulas particulares e serviços de tradução e de intérprete.

O dialeto

Algumas pessoas deixam de procurar pelas aulas ao manter a crença de já saberem italiano. Na verdade, o que se falou e se fala na casa dos “nonnos” é o dialeto. São mais de 100 naquele país, que para unificar o território nacional escolheu o de Firenze (Florença) para ser a língua oficial do País. Leandro explica que a escolha se deu pelo maior número de semelhança com os dialetos dos demais feudos.

Atualmente o curso de italiano tem condições de funcionar com mais de 100 alunos. As turmas que começam com no mínimo 25 alunos- às vezes é preciso abrir duas- vão definhando. “O aluno precisa ter a consciência de que todo aprendizado exige sacrifício. É necessário estudar pelo menos duas horas extra sala de aula”.

De acordo com Claudete, a primeira leva de desistência começa a ser percebida no inverno do primeiro ano de curso. Para a professora, o processo de abandono também é desengatilhado pelos compromissos de trabalho ou pelo surgimento de outras oportunidades de renda. “O estudo vai ficando de lado até o aluno não conseguir mais acompanhar a turma”.

A qualidade das aulas se deve ao preparo pedagógico promovido pela Alcies, que também fornece o material. “No caso das aulas em escolas públicas, o Estado ou o Município mantém o salário dos professores”.

Todo este apoio vem da Itália, que se esforça para manter a língua no mundo. Para estimular, o país abre oportunidade para quem domina o idioma. No Brasil, as salas de aulas estão à espera dos profissionais e algumas federais, como a Universidade Federal do Espírito Santo- Ufes, já adotaram o idioma no vestibular.

Neste final de semana, os professores da região se reúnem no município para a primeira etapa da capacitação anual promovida pela Alcies. Nos dias 22, 23 e 24 de novembro, será a segunda, também em Venda Nova.

Serviço: curso de italiano Alcies/Afepol

* Duração 3 anos

Informações: (28) 3546-2112

•Texto de Lilia Gonçalves extraído do Jornal Folha da Terra (24 de outubro de 2008)

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