´Diamante´ e ´Aromas´. Essas são as variedades de morango que o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) acaba de recomendar e que prometem aumentar o faturamento bruto dos produtores capixabas de R$ 12 para R$ 17 milhões, apenas com a venda do fruto. Também deverá dobrar a oferta da fruta durante verão. Tudo isso porque elas são 45% mais produtivas do que as cultivadas tradicionalmente no Estado, chegando a 40 toneladas por hectare e, na estação mais quente do ano, alcançam o dobro da produção das cultivares convencionais, que diminui drasticamente nesse período.
A cultura do morango apresenta grande importância econômica e social para a agricultura familiar do Espírito Santo. Cultivado em aproximadamente mil propriedades, numa área de 150 hectares, a produção gera 2,5 mil empregos diretos e contribui diretamente para a distribuição de renda e a fixação do homem no campo. A produção anual é estimada em 4,6 mil toneladas. Com a adesão dos produtores às recomendações, a produção deverá alcançar seis mil toneladas, 30% a mais no montante da produção estadual.
No quesito produtividade, enquanto a ´Oso Grande´ – principal cultivar plantada no Estado atinge 27 t/ha, a ´Diamante´ chega a produzir em média 38 t/ha e, a ´Aromas´, 40 t/ha. Isso representa aproximadamente 45% a mais de produtividade. E o produtor pode ter ganhos ainda maiores. Pelo fato das plantas destas cultivares serem de pequeno porte, é possível aumentar a quantidade de plantas por hectare, o que resultará em produtividade mais alta do que a demonstrada na pesquisa, afirma a pesquisadora do Incaper, Andréa Ferreira da Costa, que coordenou os estudos.
A pesquisa mostrou que, de janeiro a março, período em que diminui a produção das variedades cultivadas no Estado apenas 20% do total conseguem ser colhidas nessa época a ´Diamante´ e a ´Aromas´ produzem o dobro. Com isso, o agricultor pode lucrar ainda mais, já que este é o período de entressafra da fruta.
Outra vantagem das variedades é a produção estável, ou seja, pouca variação de produtividade de um ano para o outro. Isso faz com que o produtor evite surpresas e tenha garantia de produção.
As variedades apresentam alto valor comercial, já que produzem frutos mais firmes do que as comuns, o que facilita o transporte e evita a perda do produto. Além disso, essas variedades geram frutos um pouco maiores do que o convencional e com melhor padrão. A ´Diamante e a ´Aromas mostraram, ainda, uma menor presença de mofo, doença que atinge grande parte dos frutos e provoca perda de produção.
De acordo com o diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, a cultura do morango é extremamente favorável, por ser economicamente rentável e socialmente benéfica, e o produtor tem muito a ganhar com a aquisição das tecnologias. Com a pesquisa, esperamos que o produtor aumente o lucro e tenha garantia de produção. As condições de clima e solo das regiões produtoras, a introdução de novos materiais genéticos e a melhoria do nível tecnológico da cultura serve de estímulo para os produtores capixabas, que aos poucos, estão se adequando à produção sustentável, afirma Evair de Melo.
A pesquisa
Os estudos foram iniciados há quatro anos, com a coordenação da pesquisadora do Incaper, Andréa Ferreira da Costa. As variedades são, em sua maioria, provenientes do programa de melhoramento da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos (EUA), entretanto, há variedades provenientes da Universidade da Flórida (EUA) e de outros países como Espanha e Japão. Foram avaliadas 14 variedades nos municípios de Iúna, Muniz Freire e Domingos Martins.
O resultado apontou que a ´Diamante´ e a ´Aromas´ apresentam melhor estabilidade de produção e são mais adaptadas às regiões produtoras do Estado. As treze variedades continuam em análise. É um trabalho que não pára. À medida em que forem aprovadas, pretendemos recomendar mais variedades para o produtor, garante a pesquisadora.
Trajetória
O morango começou a ser cultivado comercialmente no Estado na década de 1960, no município de Domingos Martins. Mas a sua expansão se deu na década de 1990, quando passou a ser opção de cultivo em substituição à cultura do alho. Nessa época, a variedade cultivada era a Campinas, cujas mudas eram obtidas nas lavouras de anos anteriores.
Em 1995, foi introduzida a cultivar Dover, que apresentava boa produtividade para a época e frutos com maior firmeza, se comparados à cultivar Campinas. Isto facilitou a comercialização dos frutos em locais mais distantes. Posteriormente, outras cultivares foram introduzidas, como Tudla, Camarosa e Oso Grande.
Em 2005, os produtores passaram a utilizar também as cultivares Camino Real e Ventana. Nesse mesmo ano, o Incaper iniciou os trabalhos de introdução, caracterização agronômica e avaliação da adaptabilidade e estabilidade de produção de cultivares de morangueiro no Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro-Serrano, no município de Domingos Martins.
Em 2006, foi iniciada a introdução e a avaliação das cultivares de morangueiro no município de Iúna, visando à expansão da cultura para a Região do Caparaó.
Os principais municípios produtores de morango no Estado são: Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins, Castelo, Venda Nova do Imigrante e Afonso Cláudio. Vale registrar que nos últimos dois anos houve uma expansão da cultura nas regiões de Tijuco Preto, em Domingos Martins, e de Garrafão, em Santa Maria de Jetibá.