Numa solenidade no teatro da Igreja Matriz, na próxima sexta-feira (14), será lançado oficialmente o 1º Concurso do Café de Venda Nova. O concurso é idealizado pela Secretaria Municipal de Agricultura em parceria com a Cooperativa de Cafeicultores da Região das Montanhas do Espírito Santo- Pronova e o Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural- Incaper, para selecionar os melhores cafés do município.
De acordo com o cronograma, os produtores terão do dia 1º a 30 de setembro para entregar as amostras no Centro de Classificação da Pronova, em Venda Nova, e no dia 16 de outubro, serão conhecidos os 20 classificados. As propriedades dos classificados passarão por auditoria de boas práticas agrícolas e retiradas das amostras no período de 19 a 30 de outubro, época da segunda fase do concurso.
O concurso local, de acordo com o secretário Municipal de Agricultura, Sávio Filete, pretende envolver e prestigiar os pequenos produtores, que produzem de dez a 30 sacas. Queremos chegar mais perto dos pequenos produtores, mostrar cada vez mais nosso café e buscar qualidade.
Para julgar os grãos capazes de produzir a melhor bebida, será formada uma comissão com técnicos da região. O júri vai definir observando as características orgânicas, valendo 80% da nota e os 20% restantes da nota serão advindos da auditoria das boas práticas agrícolas.
Filete prevê a inscrição de 50 a 60 amostras de café bebida dura para melhor. A expectativa, de acordo com o secretário, se baseia no número de propriedades que descascam o grão. A cerimônia de premiação será no ginásio da Apae, no dia 14 de novembro, quando serão distribuídos R$ 10.000,00 entre o 1º ao 5º colocados. Também serão sorteados prêmios, como insumo e equipamentos, entre os finalistas.
Renovar Arábica
O concurso faz parte da programação de atividades da municipalização do Renovar Arábica, lançado pelo Governo do Estado. A preocupação, conforme avalia Filete, é aumentar a produtividade. Quando os custos de produção não são cobertos pelo valor de venda é porque a lavoura tem baixa produtividade, disse ao desconsiderar as oscilações do mercado.
Para o secretário é preciso atingir de 40 a 50 sacas por hectares e em Venda Nova, pois ainda há propriedade colhendo de 15 a 20 sacas. É muito pouco. O custo de uma lavoura é altíssimo e a produtividade, ao contrário do mercado, é uma variante possível de dominar.
Dentro do programa de municipalização, uma das propostas da Prefeitura é doar 170 mil mudas da variedade indicada pelo Renovar Arábica. O projeto de lei autorizando a compra das mudas para doação já tramita na Câmara.
Dia de campo
Outra proposta é o dia de campo, que acontece hoje na Fazenda Experimental do Incaper. De 8h30 às 9 horas está programada a apresentação do Programa Renovar Arábica e das 9 às 11h, serão promovidas três estações: Unidade de Processamento Via Úmida do Café Arábica, Tecnologia de Secagem do Café Arábica e Sistema de Reciclagem e Utilização da Água Residuária do Café.
Além do dia de campo e distribuição de mudas, estão programadas reuniões, excursões e ainda implantação de Unidades Demostrativas e de Unidades de Referências. Toda programação será desenvolvida de acordo com o calendário do ciclo da cafeicultura.
Programação do dia de campo
8h30 às 9h – Apresentação da municipalização do Programa Renovar Arábica
Sávio Filete e Rodrigo da Silva Dias – Secretaria Municipal de Agricultura
9 às 11h – Apresentação das estações
Estação I – Unidade de Processamento Via Úmida do Café Arábica
Aldemar Polonini Moreli (supervisor da FEVN – Incaper)
Estação II – Tecnologia de Secagem do Café Arábica
Fabiano Tristão Alixandre (engenheiro agrônomo Incaper)
Estação III – Sistema de Reciclagem e Utilização da Água Residuária do Café
Marcelo de Melo Lobato (engenheiro agrônomo do Incaper)
11 às 11h20 – Finalização dos trabalhos.
Cafeicultor quer colono mais envolvido no processo de qualidade
Alfredo Sossai é um exemplo de produtor que sabe aproveitar as oportunidades de aprender. Com seu café já classificado em concursos, ele considera a idéia de promover um concurso municipal muito interessante e acha é preciso envolver mais os colonos em todo processo de conscientização da necessidade da qualidade em todas as etapas de produção do grão. Todos nós ganhamos e o colono precisa enxergar isso.
Na safra do ano passado, Alfredo Sossai colheu 277 sacas nos sete hectares em fase de produtividade. Esse ano, a expectativa é de queda e ele acredita que não vai chegar a colher 100 sacas. Nesses 12 anos de colheita, a média é de 23 sacas/ha , o que na avaliação do secretário Sávio Filete é bem superior a do Brasil: de 14 a 18/ha.
Com tanta disposição, Sossai é exemplo de que tamanho de propriedade não é impedimento para adoção de tecnologia. Desde 1960 a família descasca os grãos e ele lembra da época em que o serviço era feito com as mãos. Dois anos depois, o pai comprou um motorzinho de ½ cavalo para tocar o despolpador, que até hoje ele exibe com orgulho.
Para o dia de campo de hoje, Alfredo Sossai promete empenho em levar os seus parceiros. Ele entende que qualidade se faz com soma de esforços, muita dedicação e atenção aos detalhes.
* Fonte: Jornal Folha da Terra- 07/08/2009