O verão começa às 2h48 desta terça-feira (22). E a previsão da equipe de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) é de que a estação mais quente do ano seja, de fato, de temperaturas muito altas. Isto deve ocorrer em todo o Espírito Santo por causa da atuação do fenômeno El Niño.
Entretanto, não é possível precisar o quão mais quente será o verão. “São muitas as variáveis que influenciam na temperatura. Um local com muitos prédios, por exemplo, será mais quente que um local mais arborizado. Por isso, os picos de temperatura são medidos somente após os registros nas estações meteorológicas. É importante frisar que a previsão é probabilística, e não determinística”, explicou Pedro Henrique Pantoja, meteorologista do Incaper.
O verão também é marcado pelas chuvas volumosas. “Nossa expectativa é de que o regime de chuvas se comporte dentro da média climatológica. A média acumulada de precipitação para o verão fica acima dos 500mm nas Regiões Noroeste, Serrana e Caparaó capixaba, entre 300mm e 400mm nas regiões litorâneas e entre 400mm e 500mm nas demais regiões”, acrescentou Pantoja.
“Nas análises climatológicas, foram observadas várias divergências entre os modelos de previsão de clima, que indicaram baixa ou nenhuma destreza na previsão para o Espírito Santo. Isso implica numa baixa previsibilidade em relação à qualidade do regime de chuvas esperada para o próximo trimestre. Analisando os fatos, não seria prudente nem coerente sermos taxativos a respeito da qualidade do regime de chuvas esperado para o verão. Muito menos sobre a quantidade de chuva e sua distribuição espaço-temporal. Isso por conta da baixa previsibilidade dos modelos matemáticos”, disse o meteorologista do Incaper.
A previsão climática aponta tendências para um determinado período, focando na qualidade do regime de chuvas e anomalias de temperatura. Eventos extremos de chuva, vento, frio ou calor só podem ser previstos com alguns dias de antecedência ou, dependendo da intensidade ou do deslocamento, com poucas horas ou até mesmo minutos antes. A atualização da previsão do tempo, das temperaturas e os avisos meteorológicos especiais podem ser acessados em: http://hidrometeorologia.incaper.es.gov.br. A previsibilidade dos modelos de previsão climática pode melhorar ao longo da estação. Sendo assim, o Incaper recomenda o acompanhamento das atualizações da previsão climática durante os próximos meses.
As tendências para o verão 2016 (trimestre janeiro-fevereiro-março) foram elaboradas pelo Incaper em consenso com o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (GTPCS/MCTI), com a colaboração de meteorologistas do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e Centros Estaduais de Meteorologia.
O que é normal no Verão
Na maioria das vezes, o verão engloba a segunda parte do período chuvoso capixaba, com precipitações menos volumosas e temperaturas ainda mais altas que na primavera (em média). Normalmente, fevereiro marca uma "quebra" no período de chuvas, com uma diminuição relativa delas em tal mês. Março fecha o ciclo com as últimas chuvas significativas do período chuvoso sobre o Espírito Santo. O verão caracteriza-se também pelos dias mais longos que as noites.
Os principais sistemas meteorológicos que atuam no Estado são a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e zonas de convergência de umidade mais fracas/desorganizadas, que consistem em uma banda de nebulosidade semi-estacionária, que se estende desde o sul da Amazônia, passando pela região Centro-Oeste e prolongando-se para o Oceano Atlântico, muitas vezes acarretando em chuvas volumosas. Estas zonas ocorrem com mais frequência/intensidade em janeiro. Durante o verão também acontecem mudanças rápidas nas condições do tempo causadas principalmente pela instabilidade termodinâmica (alta taxa de umidade e forte aquecimento diurno), que favorece a formação de nuvens convectivas, ocasionando as chuvas de forte intensidade num curto período de tempo. Estas chuvas ocorrem normalmente no período da tarde, geralmente acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento, sendo mais comuns na Região Serrana e Sul e menos frequentes no litoral.
Março geralmente é marcado por chuvas ligadas às frentes semi-estacionárias. A diminuição das chuvas durante fevereiro pode ser explicada, em parte, pela aproximação e intensificação do anticiclone subtropical, situação que dificulta a atuação dos sistemas meteorológicos causadores de chuva.
A climatologia para o verão indica que “as temperaturas máximas médias ficam em torno dos 28°C na Região Serrana e 32°C nas demais regiões. As temperaturas mínimas médias ficam em torno dos 18°C na Região Serrana e 22°C nas demais regiões”, disse Pantoja.
Como foi a primavera de 2015
A primavera, normalmente chuvosa no Espírito Santo, termina com precipitação muito abaixo da média em praticamente todo o Estado. Fica difícil citar uma região mais beneficiada pelas chuvas, então mencionamos aquela menos "castigada" pela falta de precipitação durante a primavera 2015, que foi o Sul capixaba e o sul da Região Serrana (exceto cidades próximas ao mar). Algumas pancadas de chuva, que até foram fortes em certos momentos, conseguiram dar um fôlego na situação de estiagem destas áreas do Estado. Os números exatos sobre desvios de chuva devem sair no mês que vem, quando o Incaper concluir a coleta dos dados de dezembro, que está partindo para seus últimos dias. As temperaturas máximas e mínimas também vão fechar o trimestre de primavera com anomalias positivas. O calor tem sido intenso, durante os últimos meses, com temperaturas máximas entre 3-4°C mais altas que o normal e mínimas com 1-2°C acima do esperado.
Fonte: Incaper