* Valdinei Guimarães
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Eles já passaram dos 60 anos de idade e se aposentaram, mas decidiram não ficar parados. Vovôs e vovós de Venda Nova do Imigrante esbanjam vitalidade praticando esportes como voleibol, natação e atletismo. Eles fazem bonito também em competições, em que mostram seus talentos dentro das quadras, piscinas e pistas.
Os idosos estão se preparando para as Olimpíadas da Terceira Idade, que acontece no mês de agosto, em Guarapari, na Grande Vitória. A competição tem várias modalidades de esportes de mesa, como damas e dominó, e outros que demandam mais esforço físico, como vôlei e corrida. A maioria dos treinamentos acontece no Centro de Convivência do Idoso de Venda Nova.
Dona Liduvina Zorzal (80) é uma das atletas inscritas nas olimpíadas. Ela vai competir na natação. Na preparação, Lina, como prefere ser chamada, treina duas vezes por semana na piscina de uma academia de ginástica em Venda Nova. A natação entrou na vida dela por acaso. “Comecei a nadar com mais de 50 anos, para acompanhar minha filha. A partir daí, sempre gostei muito de água. Quando vou à casa do meu irmão no litoral, nado na praia também”, conta a atleta.
A preparação de Lina é acompanhada por professores de educação física. O cuidado especial é com a pressão arterial. “Para o idoso, alguns fatores que devem ler levados em conta são problemas cardíacos e a hipertensão, porque a frequência de batimento cardíaco é menor nessa idade”, explica Caetano Fernandes, professor que treina a idosa. Até a temperatura da água influencia. “Ela mudou de uma piscina fria para uma aquecida, o que pode fazer aumentar a pressão arterial. Porém, ela se adaptou muito bem”, conta Caetano.
Dona Lina não é a única idosa a encarar o esporte na terceira idade. Anadir das Neves (76) também é um atleta. Ele vai participar das olimpíadas pela segunda vez. Em 2013, foi campeão na modalidade de corrida de mil metros. Esse ano, além de correr, ele vai competir no vôlei. Para Anadir, o esporte evita que o corpo fique parado. “Eu trabalhei 60 anos na roça e parei. Fiquei quatro meses em casa e sentia dores no corpo. Por isso, decidi caminhar até começar a correr. Já corri até dez quilômetros, mas hoje não posso mais”, conta o aposentado.
Seu Anadir pratica o vôlei duas vezes por semana, juntamente com os outros atletas da modalidade. Os treinos vão das sete às nove da manhã. O esporte é adaptado às limitações dos idosos. O conhecido movimento da “manchete” no vôlei convencional, por exemplo, não existe na versão adaptada. O objetivo desse esporte é segurar a bola e lançá-la com as duas mãos. O saque também é diferente. Ele é feito com ambas as mãos e a bola não pode ser lançada de cima para baixo.
Os esportistas da terceira idade tiveram que vencer um preconceito antes de entrar em quadra para jogar voleibol. Quando a modalidade começou a ser oferecida no Centro de Convivência, foi difícil formar um time. “A gente iniciou essa atividade no ano passado para participar dos jogos da terceira idade. Foi difícil juntar os vovôs porque eles tinham preconceito em participar. Eles tinham medo de praticar um esporte que não conheciam. Porém, quando os levamos a Guarapari, eles se animaram! Hoje, temos 25 idosos praticando vôlei”, conta Vanessa Moura Caliman, professora de educação física que trabalha com os vovôs.
Outra atleta das quadras é dona Maria Pereira de Aguiar (67). Além do vôlei, ela pratica dança, ginástica e bocha. Para a sorridente dona Maria, participar dessas atividades significa dar mais cor à vida. “Eu adoro participar! Parece que a gente fica viva, sabe?! Se ficamos sem fazer nada, nos sentimos tristes. Aqui dentro, a gente se desenvolve e fazer um golzinho é bom também, né?!”, brinca a aposentada.
O esporte na terceira idade também tem o poder de transformar vidas. Mais do que competir e ganhar medalhas, os idosos aumentam o prazer de viver. “Nós temos casos de pessoas que saíram da depressão por causa do voleibol ou outra atividade. O vôlei acaba sendo uma ferramenta que desperta sensações como bem-estar e prazer, que estavam adormecidas por causa de preocupações com a vida do filho, do neto ou com alguém que eles perderam”, explica Fabíola Falqueto, educadora física dos idosos.
Enquanto o mês de agosto e as Olimpíadas da Terceira Idade não chegam, os vovôs vão treinando e praticando esportes em Venda Nova. Pode ser que não voltem com medalhas, mas já são campeões no exemplo de envelhecer de forma saudável e divertida.
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