Morre Benjamim Falchetto: ex-prefeito de Conceição do Castelo e autor do hino de Venda Nova

Foto: Carlos Alberto Silva

 

Na madrugada desta quinta-feira (18), morreu Benjamim Falchetto, aos 94 anos, devido a complicações de saúde. Homem público atuante em Venda Nova do Imigrante, Benjamim exerceu cargos na política, como prefeito de Conceição do Castelo entre os anos de 1977 e 1980, além de vereador naquele município e em Venda Nova do Imigrante após a emancipação.

 

O velório ocorrerá nesta quinta-feira (18), a partir das 13 horas, na Capela do Cemitério Padre Emílio. Em seguida, o sepultamento às 17 horas.

 

Benjamim Falchetto teve forte atuação em Venda Nova do Imigrante em todas as áreas. Devido ao seu grande legado, é tido como referência para as gerações mais novas. Dentre suas inúmeras ações, destacam-se a autoria da letra do hino de Venda Nova do Imigrante e do livro “O Tesouro Escondido”, onde relata a história do município.

 

Com grande atuação também na vida religiosa, Benjamim foi um dos fundadores do Coral Santa Cecília, onde atuou por mais de 70 anos como cantor, maestro e em funções na diretoria do grupo. Era casado com Edília Sossai (falecida em junho de 2018), com quem teve 15 filhos.

 

Biografia de Benjamin Falchetto tirada do livro "O Tesouro Escondido":

 

Benjamim Falchetto nasceu em 31 de março de 1927, na Fazenda Bananeiras em Venda Nova do Imigrante. Filho de Ana Zandonadi e Antônio Baniaminio Falchetto, tinha 11 irmãos.

 

1936 – Entrou na escola, também em Bananeiras, onde estudou por dois anos.

1938 – Ingressou no colégio interno em Jaciguá. A instituição pertencia à congregação dos padres salesianos. Ali, Benjamim terminou o ensino primário.

1940 – Foi para o Colégio São Manuel, também dos Salesianos, em Lavrinhas, São Paulo, onde ficou por quatro anos e terminou o ensino ginasial.

1943 – No final desse ano, voltou para Venda Nova e começou a se interessar por canto quando o coral dos estudantes de Jaciguá veio para a cidade para se apresentar na missa de ordenação do padre Cleto Caliman, primeiro padre a se ordenar em Venda Nova.

1940 – Com incentivo de padre Cleto, formou-se um coral também em Venda Nova que cantou a primeira missa no final de 1944. Benjamin participa desde o início da “Escola Musical e Dramática Santo Cecília”, nome oficial do grupo. Foi seu primeiro secretario e, durante vários anos, foi também seu presidente e maestro.

1945 – Quando voltou do seminário em 1945, Benjamim passou a fazer parte das atividades teatrais com o grupo que passou a se chamar “Vozes de Ribalta”. O grupo de teatro, criado década de 1930 pelo artista circense José Cipriano (conhecido como Bonfim) e pelos descendentes das de Venda Nova e encenava, na maioria das vezes, peças escritas pelos próprios integrantes, que eram apresentadas. A céu aberto, ao lado da igreja. O Grupo “Vozes da Ribalta” por volta de 1945, começou a apresentar também peças de teatro normalmente trazidas para Venda Nova pelos seminaristas locais que, enquanto estudantes, também participavam de peças nos internatos das várias congregações religiosas no Espírito Santo e em outros Estados do Brasil.

1945 – No começo, faziam de tudo sem um diretor. Depois, chegou Benito Caliman, recém-saído do seminário dos salesianos e que passaria a dirigir as peças do grupo. Benjamim Falchetto participou das seguintes peças

– Alma Sertanejo (drama em três atos da autora baiana Amélia Rodrigues) sobre a questão social da seca no Nordeste.

– Marcos o Pescador (adaptação de Marco il Pescatore Operetta in due otti in prosa e lirica / Música do salesiano Dom Vincenzo Cimatti, texto de R. Uguccioni, – [Partitura).

– Torino: Società editrice internazionale. 1941). Benjamim interpreta Il Maligno, o Capeta.

– O Pico da Morte, opereta cômica em dois atos, textos e música de Marcello Cagnacci – tradução e adaptação livre de Eduardo Celso do original italiano Uma gara in montagno (ll picco di grazia): operetto comicissima in due atti per sol moschi (o sole femmine) / parole e musica Marcello Cagnacci Firenze : R Maurri. 1942 (Firenze : C. Fedini & Figlio).

– Terra Natal, comédia de Oduvaldo Vianna.

– Papai Fanfarrão, comédia de Mario Lago e José Wanderley. Essa foi a última peça em que trabalhou.

Benjamim sempre atuou como ator, mas no grupo “Vozes da Ribalta” fazia de tudo: desde encontrar boas peças até certas roupas, montagem de palco, etc.

1947 – Participou da criação da primeira cooperativa da cidade, a “Cooperativa dos Cafeicultores de Venda Nova”.

1949 – Benjamim e Edilia Sossai se casaram no dia 3 de novembro. O casamento foi realizado numa segunda-feira, porque o padre (frei João Echávarri) estava na cidade e não quis fazer a cerimônia no Dia de Finados, quando este chegaria à cidade. Eles se casaram em cerimônia dupla, junto com Arquilau Falqueto e Alzira Breda “A lua de mel foi capinando café”, diz ele.

1968 – Nesse ano, a cooperativa da cidade inclui também avicultura e, por volta de 1980, foi encerrada.

1971 – Benjamim foi eleito vereador do município de Conceição do Castelo, quando Venda Nova era apenas distrito desse município.

1977 – Foi prefeito de Conceição do Castelo, no período entre 1977 e 1980.

1979 – Iniciou o trabalho voluntário na “Associação da Festa da Polenta” (AFEPOL), no mesmo ano em que a festa da Polenta foi criada por Pe. Cleto Caliman.

1980 – Elaborou o primeiro projeto de emancipação de Venda Nova. O projeto não foi adiante porque não havia habitantes suficientes para garantir o desmembramento de Venda Nova do município de Conceição. Isso só ocorreu em 1988.

1983 – Viajou à Itália pela primeira vez em uma excursão coordenada pelo vice-cônsul italiano no Espírito Santo, Walfredo Zamprogno. Nove pessoas da cidade estavam no grupo, entre eles Antenor Lorenção, Deolindo Perim, Elói Falqueto e Domingos Carnielli.

1984 – O primeiro Secretário da “Associazione Trevisani Nel Mondo” de Venda Nova do Imigrante, criada em 12 de maio, sendo seu primeiro presidente Máximo Zandonadi.

1989 – Ajudou a fundar a “Associação de Defesa do Meio Ambiente” (A.D.MA) declarada de utilidade pública, em 8 de setembro desse mesmo ano, pela Lei 22/1989, através de emenda de autoria do então prefeito Nicolau Falchetto. A associação mudou ajudou a criar os jardins da cidade e plantou dezenas de árvores. Os voluntários se reuniam aos sábados, para recolher o lixo jogado à beira BR 262. Depois da limpeza, fizeram o ajardinamento inicial.

1990 – Foi professor do primeiro curso de italiano de Venda Nova, que era patrocinado pelo vice consulado italiano de Vitória, na década de 1990, também foi professor de italiano da “ALCIES – Associação de Língua e Cultura Italiana do Espírito Santo”, com o apoio da  “Festa da Polenta/AFEPOL”.

1992 – Colaborou, como entrevistado, para o livro Lembranças Camponesas: A tradição oral dos descendentes de italianos em Venda Nova do Imigrante (coautores: Agostino Lazzaro, Gleci Avancini Coutinho e Cilmar Franceschetto), Vitória, Projeto RECIES/UFES.

1997 – Atuou como professor de Italiano na escola de idiomas Wizard em Venda Nova do Imigrante.

2006 – Participou do filme italiano Mèrica (Direção de Federico Ferrone, Michele Manzolini e Francesco Ragazzo): http://www.youtube.com/watch?v=LSLKq5gPuGI&feature=related . Mèrica recebeu os prêmios: Primeiro Prêmio do JEFF 2007 Doc Real, do Jonio Educational Film Festival, Taranto, Itália, por júri presidido por Francesco Ferrara, e o Prêmio do Público no Terra Di Tutti Film Festival 2007 (International Documentary Association), Bologna, Itália.

2014 – Foi vereador em Venda Nova, de 2014 a 2016.

2015 – Colaborou também, entre outras tantas contribuições para jornais e entrevistas para livros, documentários reportagens diversas, com a e organização do livro “Storia Cantata di Venda Nova do Imigrante: Venda Nova canta assim”, fruto de longa e acurada pesquisa das cançonetas tradicionais da imigração italiana. Como músico e professor de Italiano, nessa obra ele escreveu as letras e fez também as respectivas revisões para publicação.

2017 – Lançou o livro "O Tesouro Escondido".

2019 – Junto com os filhos, produziu e lançou o livro "Mattinata per Edília: um retrato de Edília Sossai Falchetto", em memória de sua esposa.

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