Especial Semana do Meio Ambiente: jovens orquidófilos nas montanhas

* Leandro Fidelis

(leandro@radiofmz.com.br)

 

O drama em dar continuidade a qualquer trabalho mais tradicional e elaborado está presente em todas as atividades de gestão familiar na Região Serrana. Mas no caso da orquidofilia, parece que esse futuro está garantido. A genialidade de dois Matheus chama a atenção: o Brioschi Caliman, de apenas seis anos, de Venda Nova, e o de Almeida, de 16, de Marechal Floriano.

 

Enquanto Matheus Caliman aprendeu a polinizar as plantas do orquidário da sua família, o estudante Matheus de Almeida desde os 12 atua no melhoramento genético e até batizou uma espécie rara, descoberta em Santa Maria do Araguaia, localidade onde vive na zona rural de Marechal.

 

Matheus foi incentivado pelo pai, José Nivaldo de Almeida. Ele conta que José aprendeu a cultivar a planta sozinho, ainda quando solteiro em Pedra Azul, Domingos Martins, e se apaixonou pela atividade.

 

No Sítio Almeida, a 1,5 quilômetro da BR-262, pai e filho cuidam de seis mil orquídeas em uma área de 200 metros quadrados, que pretendem ampliar em breve. A orquidofilia é uma atividade complementar na propriedade, onde se produz café e banana.

A maior parte das plantas é das espécies Cattleya. “Aprecio muito a forma da flor mais arredondada”, diz Matheus. O jovem orquidófilo explica que cruza a própria espécie com ela mesma para promover o melhoramento genético e garantir tipos não encontrados na natureza. O serviço é terceirizado no laboratório de Aloísio Falqueto e Inês Pagotto, em Venda Nova.

 

Entre as milhares de plantas dos Almeida, três são raridade e seus exemplares foram vendidos por até R$ 50 mil a compradores de Europa. Uma das espécies não-catalogadas não é fruto de cruzamento em laboratório, foi encontrada no próprio sítio e leva o nome de “Leptotes Tenuis Alba Almeida”, em homenagem ao simpático rapaz.

 

Os Almeida sempre participam de eventos e exposições levando suas coleções para todo o Estado. “Meu pai já sinalizou que vai deixar o orquidário por minha conta em breve. Meu objetivo é ter plantas de alto valor genético e criar novos híbridos para ganhar prêmios nacionais”, diz Matheus.

 

Para Sávio Caliman, do Orquidário Caliman, referência nacional em orquídeas, Matheus é um orquidófilo promissor. “Ele é novo, inteligente e com muita informação. Tem tudo para dar certo para continuar o processo de evolução da atividade porque leva vantagem em saber muito. Quem dera eu tivesse esse conhecimento nessa mesma idade.”

Mas é nesse mesmo local, em Venda Nova, que um membro da família de Sávio trilha o mesmo caminho. Com apenas seis anos, o sobrinho, Matheus, filho do irmão Cleto, o “Queco”, exerce uma função parecida com a do beija-flor no orquidário da família. O pai se diz admirado com a habilidade do menino para retirar o pólen até das microorquídeas.

 

Desde os dois anos, o menino mostra vocação com as orquídeas e faz do orquidário um verdadeiro playground no horário em que não está na escola e aos fins de semana. Começou plantando com o pai e o tio e hoje poliniza as plantas e até atende aos clientes. “Quando eu crescer, quero ser orquidófilo”, diz um determinado Matheus.

 

Motivação é o que não falta para o pequeno orquidófilo. A melhor planta de uma recente exposição em Belo Horizonte saiu do Orquidário Caliman e leva seu apelido: “Cattleya Walcheriana TheTheus”. Foram vendidos vários exemplares.

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