Cafeicultor economiza água com novo tipo de despolpa

* Leandro Fidelis

leandro@radiofmz.com.br

 

O despolpamento é uma etapa importantíssima para garantir a qualidade do café antes de o fruto virar a bebida tão apreciada mundialmente. Se o processo não for feito dentro de rigorosos critérios socioambientais, a despolpa pode poluir mananciais e ainda desperdiçar água.

 

Da necessidade na fazenda, um cafeicultor de Brejetuba, na Região Serrana do Estado, decidiu implantar um sistema fechado que agora utiliza 200 ml de água para cada litro de café despolpado, reutilizando essa mesma água por até seis horas. A economia chega a 100 litros de água na lavagem de 6.000 litros de café por hora.

 

O experimento é de Edmar Zuccon, que até então gastava 300 ml de água no mesmo procedimento, que é em geral o consumo dos demais produtores de café cereja descascado. “Se o grão for boia, gasta-se ainda mais água”, destaca Zuccon.

 

O sistema fica em uma área de 70 metros quadrados e consiste em duas caixas com capacidade para 1.000 litros e outra para 5.000 litros de água. Segundo Zuccon, o próprio fabricante modificou o despolpador a partir do projeto que ele adaptou. “Dificilmente se encontra uma via úmida dessa natureza. Até o fabricante ficou surpreso com a capacidade desse projeto”, conta o cafeicultor.

 

A água fica circulando de cinco a seis horas entre as caixas de 1.000 litros e depois vai para a caixa de 5.000 litros. Já o chorume vai para um tanque semelhante ao dos carros-pipa acoplado a um trator, que o distribui na forma de adubo nas plantações.

 

O preparo conhecido como via úmida dá origem aos cafés despolpados, ou desmucilados, através do processo de fermentação rápida ou desmucilagem. O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros, ou cerejas, por meio de um descascador mecânico e posterior fermentação e lavagem dos grãos, eliminando-se a mucilagem.

 

O sistema de despolpamento com economia de água é só uma das iniciativas implantadas por Zuccon na Fazenda Santa Clara, a nove quilômetros da sede de Brejetuba. Todo o empreendimento foi licenciado e respeita as normas ambientais. “Os próprios pés de café me fornecem tudo o que preciso na propriedade: caloria para secar e até a matéria orgânica para a lavoura. Tudo é 100% reaproveitável”, diz o cafeicultor.

 

Só para se ter uma ideia, na etapa de secagem dos cafés especiais, a fumaça dos secadores passa por um filtro e uma camada de água. Assim, não existe fuligem. Tudo foi aprovado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente- Iema.

 

A sustentabilidade é um critério exigido pelo mercado internacional na produção de cafés especiais. O cafeicultor que enxergou isso e promoveu mudanças na forma de produzir se beneficia com melhores preços por saca.

 

Mas existem aqueles que vão além porque desenvolveram uma percepção ecológica ainda mais apurada, como no caso de Edmar Zuccon. “Ele é um grande exemplo para nós. Produz muito, mas nem por isso vemos degradação. Edmar está sempre buscando tecnologias melhores para realizar o seu trabalho, seja na questão ambiental ou social”, destaca Clarinda Morgan, secretária Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Brejetuba.

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