Coleta agendada para tirar sofá das ruas

Leandro Fidelis

leandro@radiofmz.com.br

 

Os jardins e canteiros de Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana, sempre foram elogiados pela beleza e capricho. Mas o aparecimento constante de sofás usados a céu aberto está mudando a paisagem da cidade turística e revelando a falta de consciência dos seus moradores. A Prefeitura está implantando uma coleta especial desse tipo de resíduo para dar destinação adequada aos sofás. Uma campanha de conscientização será deflagrada nos próximos dias.

 

“Por que as pessoas trocam tanto de sofá?”. Essa foi a pergunta da secretária Municipal de Meio Ambiente, Sabrina Zandonade, ao se deparar toda semana com esse tipo de lixo volumoso em diversos pontos, principalmente em terrenos com caçambas para depósito de entulho. “Não se trata de lixo doméstico comum pelo volume que o sofá ocupa. O impacto visual é muito grande.”

 

A secretária questiona ainda se a responsabilidade de dar destinação correta ao sofá em desuso seria dos vendedores. Mas num breve levantamento feito junto aos principais comerciantes do município, foi possível constatar que os fabricantes não fazem esse tipo de procedimento.

 

“Para nós lojistas isso seria difícil porque o estoque de produtos novos já ocupa muito espaço. Se fôssemos receber sofás usados, teríamos que colocá-los em local diferente para proteger a mercadoria nova de brocas, por exemplo”, afirma Gilberto Furlan, sócio de uma loja no centro.

 

O troca-troca de sofás ocorre em todas as classes sociais. De acordo com Furlan, a substituição do produto acontece quando o antigo já está muito desgastado pelo uso. A degradação acontece ainda mais rapidamente se a pessoa tiver criança em casa.

 

Os modelos mais populares custam entre R$ 600 e R$ 1.000,00. Já os estofados mais sofisticados custam acima de R$ 1.200,00. O fim do ano é o período de pico nas vendas. “Quando o comércio está bom, o sofá é um dos móveis mais vendidos aqui”, diz o lojista.

 

Há casos em que o consumo descontrolado e a indiferença do morador com a questão ambiental surpreendem. O funcionário de outra loja afirma ter uma cliente que chega a trocar de sofás duas vezes por ano. “Ela mora sozinha e tem boa aposentadoria. Está sempre renovando a mobília de casa e passa o sofá usado para parentes.” No estabelecimento, em média, um conjunto de sofá é vendido a cada dois dias.

 

Serviço pode ser solicitado por telefone

 

De tanto remediar a sujeira deixada pelos moradores, a Prefeitura de Venda Nova encontrou uma forma de recolher os móveis usados. “O caminhão coletor de resíduos domiciliares do dia-a-dia não tem capacidade de recolher os restos de mobílias, incluindo os sofás. A população precisa se programar para descartar esse tipo de lixo, em vez de se livrar dele de qualquer modo”, alerta a secretária de Meio Ambiente, Sabrina Zandonade.

 

Para isso, as secretarias de Meio Ambiente e de Obras estão organizando a coleta por agendamento. O objetivo é evitar o descarte em horários e locais inadequados. O morador pode solicitar o serviço pelo telefone (28) 3546-3662 e ser atendido no prazo máximo de 30 dias. A Secretaria vai deflagrar uma campanha informativa nos próximos dias.

 

Ainda de acordo com Sabrina, outra opção para o descarte imediato é levar, por conta própria, os resíduos volumosos até a garagem da Prefeitura, onde fica a estação de transbordo. Os restos de mobília são separados para o reaproveitamento, a exemplo da lenha e da espuma, essa para lava-jato. O que sobra é encaminhado para o aterro sanitário.

 

Iniciativas pelo mundo

 

Em Curitiba (PR), objetos inutilizáveis podem ser recolhidos se o proprietário acionar a Central de Atendimento e Informações da Prefeitura pelo número 156. Já em São Paulo capital, o “Cata-Bagulho” é uma ação gratuita, promovida pela Prefeitura que tem como objetivo impedir que materiais inservíveis como móveis velhos, eletrodomésticos quebrados, pedaços de madeira e metal, sejam depositados em vias públicas, córregos e terrenos baldios. Quando chove na maior cidade do Brasil, muitas vezes são os restos de móveis que obstruem a rede e fazem o esgoto extravasar dentro e fora dos imóveis.

 

As operações em São Paulo acontecem todos os sábados, de acordo com a programação das subprefeituras. Cada uma delas é responsável pela programação de dias, percursos e horários. Além de prejudicar a conservação do espaço público, o descarte irregular é considerado crime ambiental, sujeito à multa de R$ 14 mil em caso de flagrante.

 

Existem países que dão verdadeira lição de sustentabilidade. É o caso da Bélgica, onde funciona o programa “Les Petits Riens” (em francês, “Os Pequenos Nadas”), mobilizando dezenas de cidades. Uma vez por mês, toda a população coloca pra fora móveis e objetos que não usa mais, e quem deseja fazer bom proveito, tem todo o direito de pegar e levar pra casa. O que não é reaproveitado é recolhido pelo caminhão de lixo no dia seguinte.

 

Por meio dessa iniciativa, muitos imigrantes conseguem economizar na hora de mobilizar a casa na Bélgica. O barista Vagner Uliana, de Pedra Azul, viveu essa realidade quando morou lá. “Morava perto da capital Bruxelas e me surpreendia quando o ‘Les Petits Riens’ acontecia. São muitos objetos em perfeito estado e 90% são reaproveitados.”

 

Enquanto a municipalidade faz sua parte, o vendanovense poderia refletir se vale a pena trocar de sofá com frequência. Ou se o melhor caminho não seria reformá-lo para evitar a terrível visão daquela sala de visita em plena área pública.

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