* Valdinei Guimarães
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O tradicional Coral Santa Cecília, de Venda Nova do Imigrante, completa 70 anos de formação em 2014. Muitas das vozes do coral cantam desde quando o grupo começou a se apresentar em 1944. Mais do que música, eles levam tradição e valores dos imigrantes italianos que chegaram ao município. A perspectiva para os próximos anos é de renovação.
O começo do grupo, cujo nome completo é Escola Dramática e Musical Santa Cecília, teve relação com a religiosidade. O então recém-criado coral, que se chamava Grupo da Cantoria, se reunia para cantar nas igrejas. “Lá no início, o grupo surgiu em virtude da religiosidade do povo. O objetivo era cantar nos momentos litúrgicos na Igreja Católica. Com o passar do tempo, o repertório foi se diversificando e, hoje, cantamos em aniversários, casamentos e festas na região e até fora do Brasil”, conta Oswaldo Damasceno, atual presidente do coral.
A média de idade dos membros do Santa Cecília é alta. Há quem esteja no grupo desde quando ele começou. Benjamin Falchetto (86) é um deles. Com tantos anos de música e dedicação ao grupo, algumas histórias ficaram na memória, como a dificuldade que enfrentaram no início da vida do coral. “No começo era muito difícil. A gente tinha um instrumento que chamávamos de harmônio e ele ficava na casa dos Lorenção, para o rapaz que tocava poder treinar e ensaiar, uma vez que ele também trabalhava na roça igual à gente. O harmônio ficava na casa dele e, no dia de festa que a gente ia cantar, ele tinha que transportar o instrumento em carro de boi!”, conta, sorridente, Benjamin.
A dificuldade valeu a pena. O coral já gravou um CD e dois DVDs. Todos produzidos com recursos de projetos culturais. Para comemorar os 70 anos, eles lançaram um kit com um livro contando a história do coral, um DVD com um documentário e um suplemento com as partituras das canções mais antigas e mais conhecidas do Santa Cecília. O material comemorativo tornou-se realidade graças aos recursos obtidos junto ao Instituto Sincades e Governo do Estado. O lançamento do kit aconteceu na quarta-feira (19) no Centro Cultural e Turístico de Venda Nova do Imigrante e contou com a presença de várias autoridades.
Setenta anos de canto e o avanço da idade fazem a voz ficar mais cansada, mas também trazem a maturidade que ajuda a fazer bonito nas apresentações. Quem diz isso é o regente do coral, Romualdo Falqueto (70). “A gente fica velho e a voz cansa um pouco. Nossa voz não é a mesma de quando tínhamos 20 anos, mas a experiência conta muito. Você passa a não precisar tanto da memória, porque já tem conhecimento musical”, explica Romualdo.
Para o futuro, o Santa Cecília deseja renovação. “O que eu sonho é que haja na comunidade e dentro do próprio coral um trabalho de chamamento e de inovação, porque o Santa Cecília é, hoje, o maior patrimônio cultural e histórico que Venda Nova tem. Espero que venha gente nova para nos substituir, porque, daqui a alguns anos, vários de nós que cantamos já não estaremos mais aqui”, conta Oswaldo Damasceno. Mas, se depender da vontade dos seus membros, as atuais vozes do coral ainda vão cantar por um bom tempo. Que o diga Clementino Caliman (85). “Até que Deus me ajude e que eu possa caminhar e participar, eu vou continuar cantando com o coral”, revela Clementino.
