Um pesquisador do Instituto de Agroecologia da Universidade de Hockenheim, representante do Governo da Alemanha, esteve no Espírito Santo durante esta semana para conhecer um projeto que envolve o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa). As entidades estão discutindo e implementação de um projeto que trata as águas residuárias para fins agrícolas, denominado Curaqua.
O pesquisador alemão visitou os experimentos com lodo de esgoto na Fazenda Experimental de Sooretama, junto com o diretor técnico do Incaper, Aureliano Nogueira e outros técnicos da Cesan, Ufes) e da Funasa. E após as visitas aos experimentos, foi discutida a implementação do projeto, que traz a combinação inovadora de tratamento de águas residuárias e irrigação do subsolo numa abordagem integrativa para o uso sustentável de recursos na proximidade de áreas habitadas.
O objetivo deste projeto é o desenvolvimento e a validação de um processo abrangente, trazendo um tratamento mecânico de águas residuárias semi descentralizadas, seguido diretamente para a agricultura. O sistema deve reciclar água e nutrientes tornando eficiente a ação de nutrir as lavouras, cumprindo os requisitos da lei, da agricultura e higiene.
Segundo o pesquisador alemão, Jörn Uwe Germer, os produtores na Alemanha já utilizam as águas residuárias para nutrir os solos de suas lavouras. “Lá não temos a riqueza de recursos hídricos que o Brasil possui, então temos que utilizar outras formas de nutrição das nossas lavouras. A diferença do saneamento brasileiro para o alemão, é que aqui no Brasil o esgoto residencial é tratado em local separado do esgoto industrial, diferente do alemão que é junto, e isso prejudica a saúde de alguns alemães. O sistema brasileiro e capixaba são muito mais fáceis de utilizar novas técnicas e sugerir novos projetos”, explica Jörn.
Ele acrescenta que este sistema que utilizamos no saneamento brasileiro, retira os nutrientes, principalmente o nitrogênio, que é a principal fonte nutritiva para o solo desenvolver as culturas. “Tendo um sistema que trate a água residuárias sem a retirada destes nutrientes, a levando diretamente para a agricultura, onde irá acontecer uma irrigação do subsolo, é uma inovação e tanto para o Brasil e para a Alemanha”.
“O objetivo da visita de Jörn é fazer uma parceria e troca de conhecimento técnico para o projeto Curaqua, entre as instituições envolvidas e o governo alemão. A ideia é fazer essa parceria se fortalecer para viabilizar a destinação desta água residuária como fonte de nutrientes para nossa agricultura”, afirma Aureliano Nogueira.
Depois da visita haverá nove etapas para a definição de um projeto sólido, como delinear os conhecimentos existentes entre as entidades envolvidas, elaboração de conceitos técnicos, planejamento de validação, entre outros passos que consistem em harmonizar o conhecimento e a escolha das áreas para a implementação da experiência.
O diretor técnico do Incaper também explicou o nome do projeto. “O nome vem do 'curar', que significa tratar e 'aqua', que significa água. A etimologia diz que Curaraqua é a cura da água. Este é o principal conceito tratar a água e leva lá a uma nova fase, que dará um impulso em muitas lavouras”, ressalta.