* Leandro Fidelis
(leandro@radiofmz.com.br)
Cinco compradores internacionais de café ligados à certificadora Fairtrade USA, sendo três americanos e dois brasileiros, estiveram nessa quinta-feira (20), na sede da Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo- Pronova, em Venda Nova, para uma prova de dez amostras, reunindo os melhores cafés da região. O objetivo da visita é fortalecer a cadeia do Comércio Justo para vender os cafés de qualidade produzidos pelos cooperados.
As amostras foram selecionadas nos municípios de Venda Nova, Vargem Alta, Afonso Cláudio e Castelo e receberam notas acima de 84 na degustação, conforme escala da Associação Americana de Cafés Especiais- SCAA. Só para se ter uma ideia do quão criteriosa é essa seleção, 82 é a nota mínima para o café ser considerado de qualidade.
“O café das montanhas capixabas atende aos requisitos da Sara Lee. São cafés muito bons no corpo, na textura e na acidez”, disse Reinaldo Pereira, exportador da multinacional Sara Lee, uma das líderes de mercado no Brasil.
Os americanos se disseram impressionados com o aroma das amostras. Ed Canty, da GMCR – Green Mountain Coffee Roasters Inc, identificou notas florais da laranjeira, árvore sempre próxima das plantações de café da região. De acordo com Canty, cafés afrutados agregam ao paladar e, consequentemente, interessam ao mercado.
Na Região Serrana, de acordo com um degustador de café, hoje no ramo da corretagem, já foram encontrados grãos com nuances de jasmim. Esses aromas são adquiridos geralmente em regiões mais altas, a exemplo de Batéia, em Castelo e, de tão raros, formam micro lotes de cinco ou seis sacas no máximo.
Por pertencerem à atual safra (2012/2013), os cafés avaliados nessa quinta-feira apresentaram uma leve aspereza, na avaliação dos compradores. O degustador da Pronova, Edevaldo Costalonga, garantiu que um período mais de descanso dos cafés recém-colhidos vai reduzir esse teor.
Degustador, o principal termômetro
No grupo de especialistas, a americana Laura Ann Sweitzer (Faitrade USA) se destaca pelo conhecimento de todos os grupos certificados pela Fairtrade no Brasil, incluindo a Pronova, que já visitou em outras oportunidades.
Responsável por projetos de fortalecimento da cadeia produtora de café sustentável na sede da Fairtrade, na Califórnia (EUA), Laura enaltece a importância do degustador na venda do café para o Comércio Justo.
“Quem vende café é o degustador. Hoje os compradores compram o produto pela pontuação do contêiner”, afirmou Laura.
Ainda segundo a especialista, a figura do degustador da cooperativa é de extrema importância para a decisão do comprador. É com base na confiança da nota dada pelo degustador à amostra, que o comprador tira suas conclusões para adquirir ou não o café.
Laura Sweitzer faz questão de citar os programas da Fairtrade em parceria com cooperativas e associações de todo o mundo que buscam o fortalecimento por meio da qualidade, produtividade, gestão e sustentabilidade. “A Pronova aproveita ao máximo cada oportunidade que temos dado.”
“Em oportunidades como essa roda de degustação, estreitamos e criamos relacionamentos mais consistentes, mostrando que a cooperativa funciona, e tem potencial para negócios”, finalizou Pedro Carnielli, diretor comercial da Pronova.
Mulheres vão aprender a degustar café
Não só cultivar, mas conhecer afinco o que está cultivando. É com essa ideia que nos próximos dias 27 e 28 deste mês, a Pronova vai promover um curso de pós-colheita e noções básicas de classificação e degustação de café voltado paras as mulheres de cooperados da comunidade de Vila Pontões, zona rural de Afonso Cláudio. Será a primeira vez que as mulheres da região receberão essa capacitação.
O curso já conta com mais de 20 inscritas e acontecerá, nos dois dias, das 8 às 17 horas. O degustador Edevaldo Costalonga (Pronova) é quem vai iniciar as mulheres na prática da degustação dos cafés, enquanto o engenheiro agrônomo Fabiano Tristão (Incaper) vai abordar a pós-colheita.