* Leandro Fidelis
(leandro@radiofmz.com.br)
A ligação sentimental com o socol é antiga na Família Lorenção. Da imagem ligada ao sofrimento do imigrante italiano nos primeiros anos na colônia- o socol era uma forma de conservar a carne, quando não existia ainda geladeira, e isso era motivo de vergonha- ao reconhecimento como produto turístico de Venda Nova, o caminho foi marcado por histórias que fazem toda a diferença para quem vai ao síto da família comprar o embutido de lombo de porco.
O que mais me orgulha é a nossa geração conseguir manter viva uma cultura de 100 anos atrás. Nunca imaginávamos que um jeito de conservar carne na roça fosse ser nosso meio de vida. O turista dá muito valor à nossa cultura, diz Bernadete Lorenção, a Dete, que esteve em Brasília recentemente para divulgar o produto feito com lombo de porco.
Há dois anos, o socol dos Lorenção passou a ser comercializado com selo estadual. A família produz cerca de 600 peças por mês, e as encomendas não param para feiras dentro e fora do Estado. Estamos produzindo 500 peças para o Salão Nacional do Turismo, dia 25 deste mês, em São Paulo, diz Dete.
A lojinha da família recebe turistas de toda parte, interessados no sabor e na história do embutido. Quem faz questão de contar um pouco dessa história é Cacilda Lorenção, verdadeira garota-propaganda da cultura de Venda Nova. Eu aprendi a fazer socol com minha mãe, que aprendeu com a sua, italiana. Me casei, continuei fazendo e, com o agroturismo, não parei mais, lembra.
Inicialmente, Cacilda fazia socol apenas para consumo da família, até a deliciosa iguaria ser descoberta por amigos do seu filho, José Ednes Lorenção. O Zé sempre levava como tira-gosto para os encontros com os amigos. Eles queriam que eu produzisse 30 peças pra vender e, como o dinheiro não dava pra comprar tanto lombo, me ajudaram na primeira produção para o mercado. Por isso sempre digo que a amizade foi fundamental para o sucesso do nosso socol.
Estudante fará curso na Itália
Filha e neta de produtores de socol, Graccieli Lorenção, 23 , está com a missão de preservar as tradições da família. Ela, que cursa o 8º período de engenharia de alimentos na Universidade Federal do Espírito Santo- Ufes, ficará dois meses no Veneto, Norte da Itália, para aprender a fazer outros derivados da carne de porco.
Graccieli já participou de um intercâmbio em agroturismo naquele país, em 2008, mas é a primeira vez que fará um intensivo para ampliar os embutidos de origem italiana da família. Foi numa dessas oportunidades que Dete, sua mãe, conheceu a arte do preparo do “Culatello”. A experiência será numa fazenda em Padova.
Na Itália, se produzem alguns embutidos que não conhecemos. O segredo do salaminho italiano é um exemplo. Quero aprender a receita de produtos diferentes para resgatar isso na família e agregar ao agroturismo, diz a estudante.
Graccieli sabe muito bem o valor da produção do socol em família. Ingressou na faculdade pensando nos negócios e, nos fins de semana e nas férias, volta para casa para ajudar na produção e no atendimento aos turistas.
Serviço:
Sítio Família Lorenção
BR-262, km 102 (mais 500m de fácil acesso)
Tel.: (28) 3546-1130/ 3546-1046
* A história de outras famílias produtoras de socol será contada nas outras reportagens da série especial sobre o produto! Acompanhe!
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